Arthur Maia (União-BA), presidente da CPMI de 8 de janeiro, deixou claro que o foco da Comissão é investigar os eventos contrários à democracia , e não abordar a questão das joias e outros itens valiosos recebidos como presentes de nações estrangeiras pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que não foram oficialmente incorporados ao patrimônio público.
Maia destacou ainda que "não admitirá" que desviem o foco e que "eventuais denúncias de corrupção" ou "outros assuntos" não serão tratados na CPMI do dia 8 de janeiro.
Caso do desvio das jóias
Em uma operação denominada de Lucas 12:2, ocorrida na sexta-feira (11), a Polícia Federal realizou diligências de busca e apreensão nos locais vinculados ao general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-auxiliar de confiança de Jair Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid, além do advogado Frederick Wassef, que no passado representou o ex-chefe de Estado.
De acordo com a Polícia Federal, os alvos das investigações são suspeitos de se valerem da infraestrutura do governo do Brasil "com o propósito de desencaminhar itens de significativo valor patrimonial, oferecidos por autoridades estrangeiras durante missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da comercialização desses objetos no exterior".
O valor proveniente dessas transações foi transformado em dinheiro e incorporado aos bens particulares dos investigados.
A Polícia Federal requisitou a autorização para acessar as informações financeiras e tributárias de Bolsonaro, com a alegação de que há suspeitas de que os fundos eram transferidos para o ex-presidente em forma de dinheiro em espécie; bem como requereu também o levantamento do sigilo bancário e fiscal da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
A equipe jurídica do ex-presidente comunicou, por meio de nota, que estará disponível para fornecer à Justiça os registros das atividades bancárias de Bolsonaro.
Um dos incidentes de desvio de joias ocorreu, de acordo com as informações da PF, durante uma viagem aos Estados Unidos em junho de 2022. Nesse momento, Mauro Cid se afastou do grupo oficial do presidente e comercializou dois relógios de alta qualidade por um total de US$ 68 mil, sendo esses valores posteriormente creditados na conta de seu pai nos EUA.
Estes itens haviam sido presentes concedidos como presentes ao Brasil por nações estrangeiras.