Ministério Público investiga a compra de veículos blindados pela PRF
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Ministério Público investiga a compra de veículos blindados pela PRF

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o órgão de inteligência financeira do Banco Central, identificou movimentações financeiras consideradas atípicas da Combat Armor Defense do Brasil , empresa responsável por fornecer veículos blindados à Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o período de gestão do ex-diretor-geral Silvinei Vasques.

Mesmo com um capital inicial de apenas R$ 1 milhão e faturamento de R$ 58,5 mil em 2019, nos dois anos seguintes os recursos aumentaram de forma surpreendente. O documento revela que cerca de R$ 28 milhões foram recebidos pela Combat Armor em um intervalo de apenas dois anos. 

No relatório do Coaf foi destacado que "a movimentação financeira da empresa é incompatível com o faturamento"

O Coaf identificou que o dinheiro era depositados e depois retirados das contas da Combat Armor  em um curto período de tempo e, eram imediatamente transferidos para outras contas ligadas à companhia.  Também se verificou saques em dinheiro, o que levantou a suspeita, por ser uma estratégia que visa evitar que as transações sejam identificadas pelas autoridades.

O Coaf també indica que a Combat Armor forneceu informações "de difícil ou onerosa verificação" e não revela que não encontrou veículos ou equipamentos para efetuar as atividades de blindagem nas suas instalações.

Silvinei Vasques na CPMI dos Atos Golpistas
Reprodução: TV Senado - 20/06/2023
Silvinei Vasques na CPMI dos Atos Golpistas

Este relatório está atualmente nas mãos dos membros da  Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. A investigação agora vai apurar a relação da empresa com Silvinei Vasques e outros dirigentes do governo Bolsonaro, incluindo o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Transferência de R$ 36 mil à contas ligadas a Silvinei Vasques e Antonio Lorenzo

A CPMI identificou um pagamento de R$ 36 mil, em 2023, da Combat Armor à empresa Lopes & Filho . A Lopes & Filho foi fundada no início deste ano e compartilha o mesmo endereço com outras duas empresas ligadas a Silvinei e ao brigadeiro Antonio Lorenzo , ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça .

Vasques declarou que a Combat Armor cumpriu todos os requisitos para a contratação e que o processo licitatório foi conduzido de forma "transparente". Mas, várias licitações da empresa com órgãos públicos brasileiros durante a administração de Jair Bolsonaro (PL) , com valores superiores a R$ 100 milhões,  há penalizações administrativas por não cumprimento de contratos com entregas devidas a tribunais no Brasil. A Combat Armor chegou até ser proibida de participar de outras licitações com o governo brasileiro. 

Outros ex-diretores também estão sendo investigados

Wendel Benevides Matos, ex-corregedor da PRF, é um deles. Há alegações de que ele arquivou denúncias contra Silvinei Vasques. Vasques, por sua vez, negou uma relação pessoal com a empresa, mas admitiu ter buscado emprego na mesma após sua aposentadoria da PRF.

Palavra da relatora

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou o ex-ministro da Justiça Anderson Torres sobre os contratos. Torres afirmou desconhecer a empresa e seus proprietários, ressaltando que a Polícia Rodoviária Federal tinha autonomia nas compras e operações internas. Entretanto, na visão de Eliziane, Torres, como ex-ministro da Justiça, também compartilhava a responsabilidade pelas polícias federais.

Investimento federal em 69 veículos blindados "caveirões" e "caveirinhas" -- O Ministério Público Federal investiga a venda de veículos da Combat Armor à PRF. Sob a administração Bolsonaro, a empresa recebeu cerca de R$ 36 milhões em contratos firmados com o governo. Segundo os processos licitatórios, foram negociadas 69 unidades, 19 "caveirões" e 51 "caveirinhas" . Antes de 2018, a PRF não contava com veículos blindados em sua frota.

O Ministério Público Federal busca entender a relação de Vasques com a empresa e averiguar se houve fraude no processo licitatório

A Combat Armor , empresa de origem americana que se estabeleceu no Brasil em 2019, apresentava um faturamento de R$ 58,5 mil na época de sua instalação . No entanto, esse número aumentou significativamente com os contratos milionários assinados durante a administração anterior. Em outubro de 2022, seu patrimônio estava avaliado em R$ 27,4 milhões .

No Brasil, a Combat Armor é representada pelo CEO Maurício Junot de Maria, que já possuía experiência na indústria de blindagem. Mas, o dono da empresa é o empresário  Daniel Beck , um apoiador de Donald Trump que estava em Washington durante a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021.

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