A Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou nesta segunda-feira (31) que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregue relatórios entregues ao Palácio do Planalto sobre a pandemia de Covid-19. Segundo a PGR, o pedido acontece devido à “necessidade de se reavaliar” as ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na condução da pandemia.
Documentos da Abin e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) apontam o aumento na projeção de mortes, a necessidade de distanciamento social e a ineficácia da cloroquina para o tratamento da doença. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.
Os relatórios ainda apontam a necessidade de vacinação e a falta de transparência do governo federal sobre a compra dos imunizantes. As informações teriam sido ignoradas por Bolsonaro, que criticava o distanciamento social e divulgava dados falsos sobre a doença.
As denúncias reforçam as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado, que pediu a abertura de investigação contra o ex-presidente da República. Entretanto, Augusto Aras sempre defendeu o arquivamento das ações por falta de provas.
Com a divulgação dos documentos, a PGR cogita reabrir o inquérito e investigar um ‘fato novo’. Além de Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello poderá voltar a entrar na mira da Procuradoria.
Nos bastidores, a movimentação de Aras ainda tem caráter político. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê a reabertura do inquérito como uma sinalização do PGR para a recondução ao cargo em setembro.
Augusto Aras passou a ser favorito na disputa após o Centrão dar apoio ao atual procurador e Lula encontrar uma sinalização de imparcialidade no PGR. Entretanto, o nome de Aras sofre forte resistência da cúpula do PT, que vê o procurador ainda ligado a Jair Bolsonaro.