Ronnie usou arma do Bope para matar Marielle, afirma Élcio em delação

Submetralhadora utilizada no crime teria sido extraviada de um paiol após um incêndio

Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018


Em delação premiada feita à Polícia Federal em relação ao assassinato e Marielle Franco, o ex-policial militar Élcio de Queiroz afirmou que Ronnie Lessa usou uma submetralhadora do Bope (Batalhão de Operações Especiais) para matar a vereadora e o seu motorista, Anderson Gomes. 

Élcio disse que a arma utilizada no crime era do modelo MP5K e que ela havia sido extraviada após um incêndio no paiol do Bope, mas que o acusado de atirar na vereadora adquiriu tempo depois por gostar muito daquela peça. 

"Como o Ronnie já havia trabalhado no Bope com essa MP5K e gostava muito dela, procurou saber quem havia ficado com a arma e comprou a arma dessa pessoa, reformou-a e tinha um cuidado muito grande por essa arma", disse o ex-PM. 


Na sequência, ele ressalta não saber ao certo quem foi a pessoa que vender o armamento para Lessa, sem detalhar se o cidadão estava ou não na ativa na época do incêndio no paiol. 

Élcio, que está detido em Rondônia assim como Ronnie, destacou ainda que o suspeito do assassinato não iria vender a submetralhadora por medo dela ser encontrada. Cinco anos após o crime, a arma não foi encontrada pelas autoridades policiais. 

Acordo de delação premiada

O ministro Flávio Dino afirmou que Élcio Queiroz, réu por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, após revelar mais informações do crime em delação premiada, terá benefícios em razão do acordo, mas permanecerá preso.

Segundo Dino, a delação de Élcio e a prisão de Suel representam um “evento de enorme importância”, e encerra a apuração sobre a execução das vítimas em si. "As cláusulas ainda permanecem sob sigilo judicial, mas posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado. Inclusive, onde se encontra”, detalhou.

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As investigações, porém, seguem para chegar aos possíveis mandantes do crime, e levarão "sem dúvida" aos mandantes do assassinato de Marielle Franco,  afirmou o ministro na coletiva desta segunda.

“Isso permite que tenhamos, com o esclarecimento definitivo, uma proteção à atividade política, especialmente das mulheres no Brasil”, disse. “A vereadora é um símbolo neste momento de luta contra a impunidade, símbolo de como a união das instituições consegue ter melhores resultados", complementou.