O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou ter mentido quando disse que contatou a inteligência americana sobre a participação em um plano golpista. Segundo Do Val, o blefe teria o objetivo de ganhar tempo para avisar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a trama.
Marcos do Val prestou depoimento à Polícia Federal na quarta-feira (19) e voltou a negar sua participação no plano golpista. Ele confirmou ter mandado uma mensagem ao ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) para recusar a participação na tentativa de golpe.
“Ato contínuo a reunião com o Ministro, contatou Daniel [Silveira] por mensagem, informando-o que não aceitaria a 'missão' porque isso prejudicaria suas relações com a Inteligência Americana. Essa justificativa, no entanto, foi apenas para afastar as novas tentativas de contato de Daniel [Silveira]; e, indagado se houve alguma orientação de órgão de inteligência externa para tomada de sua decisão e se isso a influenciou, respondeu que não, reiterando que quando referiu 'Inteligência Americana' falou dessa forma apenas como justificativa para ter tempo de reportar ao Ministro Alexandre [de Moraes] os fatos”, disse em depoimento obtido pelo jornal O Globo.
O parlamentar ainda disse que incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista e feito acusações infundadas por um “momento de raiva”. À PF, Bolsonaro confirmou ter se reunido com Do Val, mas negou participação no plano de golpe.
Marcos do Val é suspeito de articular um plano golpista para comprometer o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia seria grampear um encontro entre o parlamentar e Moraes para induzi-lo a falar algo que pudesse anular as eleições de 2022. O esquema foi denunciado pelo próprio Marcos do Val, em uma entrevista concedida à revista Veja em fevereiro de 2023.
Ele, porém, mudou a versão em diversas oportunidades e chegou a afirmar que mentiu para “despistar a imprensa”. Após as declarações, a PF realizou uma operação em endereços ligados ao senador.
Os investigadores querem comparar os dois depoimentos de Do Val com a de Bolsonaro e Silveira. Ainda não está descartada uma nova oitiva com o ex-presidente e Daniel Silveira, que prestou depoimento no fim do mês passado.