Lula não aceitará 'nenhuma imposição' da UE que prejudique o Mercosul

"Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar de estrangeiras, a gente vai matar as pequenos e médios empreededores e matar muitos empregos"

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Lula fala ao Conversa com Presidente direto das Cataratas do Iguaçu no encontro no Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua preocupação em relação às condições impostas pela União Europeia para a finalização do acordo comercial entre o bloco como Mercosul.

"Eles mandaram uma carta para nós com algumas imposições. Nós não aceitamos a carta. Agora estamos preparando outra reposta", disse. 

Na carta, a União Européia exigiu que o Brasil, por exemplo, "abra mão de compras governamentais", contou Lula. "Ou seja, aquilo que o governo compra das empresas brasileiras. Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar de estrangeiras, a gente vai matar as pequenos e médios empreededores e matar muitos empregos aqui no Brasil", disse. 

Durante o programa "Conversa com o Presidente" , transmitido nesta terça-feira (4), Lula disse que o Brasil, que assumiu a presidência do Mercosul nesta manhã, está "preparando uma resposta para as exigências europeias".

O presidente brasileiro reforçou seu desacordo com as "ameaças" apresentadas em carta pela UE com pré-requisitos para a conclusão do acordo. Lula enfatizou que "não aceitará imposições" e destacou sua determinação em não permitir uma política na qual a União Europeia saia vitoriosa enquanto o Mercosul saia prejudicado.

"Neste momento, estamos elaborando uma nova resposta, pois iremos a Bruxelas para discutir com a União Europeia e os países da América Latina. Precisamos ter uma posição clara sobre o que desejamos para consolidar esse acordo. Queremos adotar uma política em que ambas as partes saiam ganhando, não desejamos uma situação em que eles saiam vitoriosos e nós sejamos os perdedores", declarou Lula.

As declarações foram feitas durante o programa semanal "Conversa com o Presidente", transmitido nas redes sociais de Lula. O jornalista Marcos Uchôa, da TV Brasil, conduziu a conversa.

A presidência do Mercosul foi assumida pelo Brasil em uma cerimônia realizada nesta terça-feira

Durante o encontro, a nova proposta para a UE será discutida. Lula tem a intenção de assumir um papel de destaque nas negociações.

"Desejo realizar uma presidência exemplar. Quero me dedicar para que, nos próximos seis meses, possamos concluir o acordo com a União Europeia e começar a pensar em outras questões", afirmou.

"Queremos discutir o acordo, mas não queremos ser submetidos a imposições."

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia está sendo negociado desde 1999 e a parte comercial foi concluída em 2019. Atualmente, encontra-se em fase de revisão pelos países dos dois blocos.

Neste ano, a União Europeia apresentou um documento adicional ao Mercosul, no qual são previstas sanções relacionadas a questões ambientais. Lula classificou o conteúdo do documento como uma "ameaça".

Durante a campanha eleitoral de 2022, o então candidato e agora presidente Lula assumiu o compromisso de finalizar as negociações entre os blocos. Em junho, durante sua visita a Brasília, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu a conclusão do acordo ainda este ano.