O coronel Jean Lawand Júnior negou ter "atentado contra a democracia brasileira" e disse que bastava "uma palavra" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para fazer com que as pessoas que acampavam em frente ao QG do Exército após o resultado das eleições voltassem para casa.
"Afirmo aos senhores que em nenhum momento falei sobre golpe, atentei contra a democracia brasileira ou quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições", disse ele durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta terça-feira (27).
Na ocasião, Lawand afirmou que as mensagens que enviou a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, defendendo um golpe de Estado foram para pedir que o ex-presidente "apaziguasse" o país.
"Uma palavra de Bolsonaro, uma manifestação dele, faria com que aquelas pessoas nas ruas retornassem aos seus lares e retornassem às suas vidas", afirmou. "Mas não acredito que ele tenha qualquer responsabilidade com o que aconteceu."
Lawand foi convocado para a oitiva após a divulgação de mensagens entre ele e Cid que mostram ele incentivando um golpe após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro do ano passado.
Durante a oitivia, Lawand disse que as mensagens foram trocadas "no privado" e que ele foi "infeliz" nas declarações. "Vou explicar cada uma delas, mas mais importante: preciso que considerem a minha essência, o que fiz minha vida toda como pai de família, bom militar e aquele que quer bem do Brasil."
"Minha função [no Exército] é burocrática. Não tinha motivação, capacidade ou força para fazer qualquer atentado ou motivar pessoas a fazê-lo", disse. "Fui infeliz. Minha colocação foi muito infeliz, não tenho contato com ninguém do Alto Comando. Não deveria tê-la feito."
Após autorização da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, Lawand tem o direito de permanecer em silêncio na sessão de hoje, mas disse estar à disposição para responder às perguntas dos parlamentares.
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