O ex-chefe de operações da Polícia Militar de Brasília, Jorge Eduardo Naime, revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) emitiu um alerta, na manhã de 8 de janeiro, sobre possíveis invasões de prédios públicos.
Ele alegou que às 10h da manhã do dia 8, a Abin informou, "claramente", que havia confirmação de invasões em prédios públicos, e isso foi relatado no relatório e que "naquele momento tinha que ter se acionado o gabinete de gestão de crise".
O coronel está preso desde o dia 7 de fevereiro. O ministro Alexandre de Moraes rejeitou o pedido de liberdade apresentado pelos advogados ao STF. Durante a CPMI, parlamentares acusaram o Supremo de manter Naime como preso político.
Segundo Naime, no dia 8 de janeiro ele estava de folga e que só foi acionado a voltar ao trabalho no domingo (8) às 16 horas. Quem comandava a PM era o então subcomandante geral, coronel Klepter Rosa Gonçalves, que foi posteriormente nomeado a comandante geral da corporação pelo interventor na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.
O ex-comandante afirma foi criado um grupo no Whatsapp denominado 'SISBIN' sigla para Sistema de Inteligência Brasileiro , que é formado por 48 órgãos, onde estariam sendo compartilhadas informações de inteligência da Abin com os comandantes da Secretaria de Segurança Pública, subordinados a Anderson Torres.
Naime disse repetidas vezes, durante seu depoimento, para os parlamentares tivessem acesso aos relatórios da Abin e que lá estão as provas de que ele estaria "preso injustamente".
Vale lembrar que o secretário de segurança do Distrito Federal, à época, Anderson Torres, havia saído de férias logo após ser nomeado ao cargo. Que ficou no seu lugar, foi a ex-subsecretária de Inteligência da SSP do DF, Marília Ferreira Alencar.
"Ao não compartilhar essas informações, eles privaram os comandantes que estavam no grupo. Eles cegaram toda a parte operacional. Ou as unidades de inteligência não informaram seus superiores, ou tiveram as informações às 10h da manhã e não tomaram providências", ascrescentou.
Naime também disse que Polícia Militar não tem jurisdição dentro das Esplanda dos Ministérios e que para o comando pudesse atuar nas sedes dos Três Poderes precisariam necessariamente de autorização superior -- no caso da subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública ou de Anderson Torres, que não estava em Brasília.
"Se essa informação chegou ao nível de secretário e comandante-geral, eles não tomaram as medidas necessárias, ou as unidades de inteligência não transmitiram essas informações. É estranho ter uma informação tão precisa e o secretário nem sequer acionar o Gabinete de Crise", questionou.
A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), disse que é muito prematuro ainda para definir os rumos da comissão e nesse primeiro momento é preciso aguardar os próximos depoimentos e informações que chegam a comissão.
"Mas é importante destacar que ele deixou claro que tentou desmobilizar antes dos ataques os acampamentos e que foi impedido pelas Forças Armadas. Ele cita até o comandante Dutra", disse.
Outro destaque da relatora é em relação a suposta omissão dos servidores que estavam no comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
"Ao ser informado sobre o grupo do Whatsapp que vieram informações tanto do serviço de inteligência quanto da Abin, a secretaria de segurança não designou a quantidade efetiva para fazer esse enfrentamento", concluiu a senadora.
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