O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter Daniela Carneiro como ministra do Turismo, mesmo com a forte pressão do União Brasil. A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (13), após reunião entre o petista e Daniela.
O chefe do Planalto stava sendo pressionado pelo União Brasil, que não via Daniela Carneiro como representante da cúpula do partido no governo federal. A legenda queria a nomeação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA).
A decisão de manter Daniela é vista como um sinal de gratidão a ela e ao marido, Wagner Carneiro , prefeito de Belford Roxo (RJ), que ajudaram o petista na campanha eleitoral de 2022. Outro fator que colabora é a religião da ministra, evangélica, público em que a cúpula petista tem vontade de atrair para o governo.
Nos bastidores, não está descarta a demissão de Daniela Carneiro, mas Lula quer ganhar tempo hábil para encontrar uma solução para mantê-la no Palácio do Planalto. Se não for por troca de ministério, ela ganharia cargo autarquias do governo.
O petista deve se reunir com a cúpula da legenda nesta terça-feira para negociar outra saída para manter o apoio na Câmara dos Deputados. Uma das ideias seria trocar o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que também é alvo do partido.
Confiança em Daniela
Daniela Carneiro é uma das ministras em que Lula tem confiança, mas o petista admite a dificuldade de mantê-la no cargo. Ele deverá conversar com Wagner Carneiro para encontrar uma saída para a ministra do Turismo.
Aliados do governo alertaram o petista sobre a possibilidade de perder apoio de Waguinho na campanha eleitoral de 2024. O PT quer as prefeituras da Baixada Fluminense, onde há maioria bolsonarista.
Entretanto, o União Brasil vê outros ministérios com atenção. O partido mira as pastas da Saúde, Desenvolvimento Regional e Comunicações.
No caso da Saúde, o Centrão pede a saída de Nísia Trindade e a nomeação da médica Ludhmila Hajjar. Ela já tinha sido cotada para a pasta no governo Jair Bolsonaro, mas recusou o convite após divergências sobre o tratamento da pandemia de COVID-19.
Lula, porém, já enviou um recado aos partidos de Centro de que manterá Nísia na pasta. Na avaliação do petista, a ministra tem entregado resultados positivos e não compromete o governo.
Já os ministérios do Desenvolvimento Regional e Comunicações são alvos do União Brasil. No caso do MDR, o partido quer minar o ministro Waldez Góes por ser um aliado de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e não ter cumprido a promessa de se filiar à legenda.
No caso das Comunicações, as recentes polêmicas envolvendo Juscelino Filho também comprometem a manutenção dele na pasta. Interlocutores acreditam ser difícil a continuação dele no comando da pasta.
Centrão quer mudança na articulação
Partidos do Centrão e o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), têm cobrado de Lula uma melhora nas articulações entre o Planalto e o Congresso Nacional. Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) foram alvos de fortes críticas e se viram como "culpados" pela falta de apoio ao governo petista.
Há parlamentares que defendem a ida de Geraldo Alckmin para a interlocução, o que o governo nega. Deputados e senadores ainda alertaram o governo sobre a necessidade de deixar a pasta com alguém de fora do PT, para dar mais credibilidade ao governo.
Lula, porém, quer segurar Padilha a todo custo. Há estudos para que o petista mude de pasta e vá para um ministério com menos pressão.
Quanto a Rui Costa, o chefe do Planalto foi enfático: não vai alterar sua posição. Lula tem confiança em seu ministro e o vê como um forte aliado.
Entretanto, o petista deve cobrar do ex-governador da Bahia mais calma ao conversar com os parlamentares e liberar agendas para receber deputados e senadores no Palácio do Planalto.