O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exaltou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e criticou presidentes ocidentais que não aceitam o comando do presidente latino-americano no país. Lula se reuniu com Maduro nesta segunda-feira (29) no Palácio do Planalto.
O petista chamou a política de país vizinho de “democracia” e mandou indiretas para o deputado Juan Guaidó, que tentou derrubar Maduro nos últimos anos. Sem citar nomes, Lula ainda criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter se afastado politicamente da Venezuela.
“É difícil conceber que se tenha passado tantos anos sem que se mantivesse o diálogo com um país amazônico e vizinho com o qual compartilhamos extensa fronteira de 2.200 km. Não é pouca fronteira. Possivelmente essa fronteira é mais extensa que qualquer país europeu tenha com outro país”, afirmou Lula
“Eu achava a coisa mais absurda do mundo para as pessoas que defendem a democracia negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo. E o cidadão eleito para ser deputado [Juan Guaidó] fosse reconhecido como presidente da Venezuela”, completou.
Lula também afirmou que as relações com a Venezuela estão apaziguadas e que as portas estarão abertas ao governo Maduro. Já o venezuelano disse que o encontro marca uma “nova era” entre os países.
“A Venezuela sempre foi um parceiro excepcional para o Brasil. Mas por conta das contingências políticas e equívocos, o presidente Maduro ficou oito anos sem vir ao Brasil, o Brasil ficou oito anos sem ir à Venezuela, e nós temos um pequeno problema de ordem política, ordem cultural, ordem econômica e ordem comercial”, disse o petista.
“Hoje começa uma nova época de relação entre os países, entre nossos povos. De cooperação e de trabalho conjunto; que abarque todas as áreas: a economia, comércio, educação, saúde, cultura, agricultura. Com relacionamentos horizontais entre os povos”, afirmou Nicolás Maduro.
Questionado sobre a inclusão da Venezuela nos BRICS, Lula minimizou a crise econômica venezuelana e se colocou favorável à ideia. Entretanto, ele admite ser necessária uma discussão maior com Rússia, China, Índia e África do Sul sobre a entrada de países no bloco.
“Vamos discutir, porque não depende da vontade do Brasil. Depende da vontade de todos. Se tiver um pedido oficial, esse pedido será oficialmente levado para os Brics, e lá decidiremos. Se você perguntar a minha vontade: eu sou favorável”, declarou.
Maduro agradeceu a recepção de Lula ao governo venezuelano e disse que as relações diplomáticas deverão se manter para sempre. O presidente da Venezuela ainda disse ter ‘portas abertas’ para investidores brasileiros.
“De repente, todas as portas com o Brasil foram fechadas, ainda que sejamos países vizinhos, países que se amam como povos. As portas foram fechadas em termos de relações financeiras, econômicas, comerciais, culturais, políticas e diplomáticas. Junto de outros governos, tentaram impor um governo à República da Venezuela, mas isso é passado”, afirmou.
“A Venezuela hoje está preparada para retomarmos as nossas relações virtuosas junto a investidores e empresários brasileiros. A Venezuela está de portas abertas, com plenas garantias ao empresariado, para que voltemos ao tempo de investimentos e crescimento econômico”, concluiu Maduro.