Apontado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul como incentivador do atos antidemocráticos após as eleições de 2022, Luciano Lorenzini Zucco, de 48 anos, é nascido em Alegrete, na Fronteira Oeste do estado gaúcho, e graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
O Tenente-Coronel Zucco, como é conhecido, foi o deputado federal mais votado do estado nas eleições passadas e fez campanha ao lado do candidato a governador Onyx Lorenzoni (PL) e do ex-vice-presidente e agora senador Hamilton Mourão (Republicanos).
"Não quero polarizar, mas, sim, precisamos manter pessoas técnicas nos ministérios, e precisamos continuar com uma política que realmente trabalhe a família, a pátria, os valores. Espero que no segundo turno tenhamos êxito, reelegendo o presidente e, aqui no estado, Onyx Lorenzoni", disse durante as aleições de 2022.
Apoiador das ideias e do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zucco participou ativamente das manifestações a favor do ex-mandatário no RS. Em 7 de setembro, o deputado chegou a fazer palanque em um carro de som com discursos que diziam defender a "liberdade".
A investigação
Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a invasão de terras por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Zucco esta sendo investigado por uma suposta participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Nesta terça-feira (24), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal (PF) retomasse as investigações contra o deputado federal.
O inquérito é sobre a suspeita de apoio, incentivo e patrocínio a atos golpistas no Rio Grande do Sul e em Brasília contra as urnas eletrônicas e o resultado da eleição presidencial do ano passado, que terminou na vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente da CPI do MST é investigado após um trabalho que teve início no estado gaúcho. As investigações foram paralisadas porque o Tribunal Regional Federal da Quarta Região teve o entendimento que Zucco, por ser deputado federal, possuía foro privilegiado.
Por conta disso, o tribunal enviou o processo para que o Supremo determinasse qual caminho o inquérito deveria seguir.
Moraes, responsável pela relatoria das investigações sobre atos antidemocráticos e golpistas, permitiu que a Polícia Federal verifique se existem indícios de crime na ação do deputado, que é presidente da CPI do MST.
Em 2022, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul relatou que há chance do deputado ter incentivado os atos antidemocráticos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) contra o resultado das eleições.
Os investigadores apresentaram uma foto de Zucco em um ato golpista em frente Ao Comando Militar do Sul.
A investigação relatou que, na publicação, o parlamentar pedia para que os apoiadores fossem ao local para protestar, além de dizer que era o momento de ter de volta ‘aquilo que as eleições supostamente teriam subtraído do povo’.
Em comunicado enviado à imprensa, o parlamentar declarou que não está preocupado com as investigações, negou qualquer participação em crimes e apontou possível instrumentalização política por conta da sua função na comissão que investiga o MST.
Confira a nota na íntegra do deputado Zucco
“Fiquei surpreso ao saber pela imprensa da existência da solicitação de investigação encaminhada à Polícia Federal pelo Supremo Tribunal Federal.
A notícia de fato que embasa o pedido foi feita junto ao TRF-4 baseada em postagens feitas por mim em rede social nos meses de outubro e novembro de 2022. Como fui eleito deputado federal o processo seguiu para o STF conforme determina a Constituição Federal.
Chama atenção, contudo, o sensacionalismo com que alguns veículos trataram do tema, passando a impressão de terem sido instrumentalizados para uma atuação política justamente em momento em que assumo a presidência da CPI do MST.
Trata-se de tentativa de “requentar” pauta já há muito esclarecida. Trata-se de tentativa de cercear o pleno exercício de minha atividade parlamentar, isso sim atitude daqueles que não possuem apreço pelo Estado Democrático de Direito.
Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia.
Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a Polícia Federal verificará que nenhum crime houve assim como já observado pela autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer pontos que se mostrem necessários.
Por fim, seguiremos firmes na missão de buscar todos os esclarecimentos sobre a escalada de invasões de propriedades privadas no âmbito da CPI do MST, bem como exercerei o mandato parlamentar outorgado pelo povo gaúcho com vigor, coragem e técnica, dentro do que preceitua a Constituição Federal”.
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