PSOL irrita governo Lula e coloca em risco acordo entre PT e Boulos

Psolistas votaram contra a urgência do arcabouço fiscal

Lula com Guilherme Boulos e Juliano Medeiros, do PSOL
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula com Guilherme Boulos e Juliano Medeiros, do PSOL


O governo Lula ficou muito irritado com a votação do PSOL contra a urgência do arcabouço fiscal na Câmara. Alguns grupos do PT já usam o episódio como argumento para que acordo entre os dois partidos em São Paulo seja melado e Guilherme Boulos não esteja do mesmo lado dos petistas.

Segundo informações publicadas pela jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o presidente da República já tinha ordenado que o PT não apresentasse emendas ao projeto elaborado pelo Ministério da Fazenda e torcia para que os partidos aliados seguissem o mesmo caminho.

Só que 100% dos deputados federais do PSOL votaram contra a urgência do arcabouço. Lula foi informado do episódio e garantiu que irá tratar do assunto quando retornar do Japão.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, colocou panos quentes. Ele relatou que a sigla apenas quer debater mais o projeto porque “as mudanças feitas pelo relator [o deputado federal Cláudio Cajado, do PP da Bahia] pioraram a proposta da Fazenda, por isso votamos contra a urgência”.

O psolista também garantiu que “isso não é motivo para qualquer abalo na relação com o governo. Ninguém vota sempre junto, isso faz parte da dinâmica do Parlamento”.

Só que o argumento não convenceu alas do PT, principalmente da capital paulista. Em busca de ter uma candidatura própria na cidade mais populosa do país, petistas já enviaram uma carta para a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, solicitando um representante que esteja na agremiação.

Um das sugestões apresentadas é que Guilherme Boulos deixe o PSOL e se filie ao PT. Porém, essa possibilidade é vista como remota, pois o deputado federal não demonstrou nenhum interesse em deixar seu atual partido.

Qual é o acordo?

Em 2021, Boulos se colocou como pré-candidato ao governo de São Paulo. Porém, Lula e Fernando Haddad (PT-SP) o convenceram a largar a corrida eleitoral para o Palácio dos Bandeirantes, se colocasse ao cargo de deputado federal – ele foi o mais votado do estado paulista – e apoiasse o atual ministro da Fazenda.

Boulos concordou e recebeu a promessa de ser o candidato de Lula na capital. Só que importantes nomes do PT em São Paulo, como Jilmar Tatto, não concordam com o acordo.

Lula, Haddad e Gleisi mantêm o acordo

Lula, Haddad e Gleisi já falaram publicamente que apoiaram Boulos em São Paulo, independentemente da insatisfação dos petistas paulistanos. No entanto, com o voto do PSOL, o cenário pode sofrer alterações.

Só que o PT precisará lançar um nome do zero para concorrer, já que nenhum representante é citado nas pesquisas de intenções de votos.

Neste mês, a Paraná Pesquisas divulgou um relatório que colocou Guilherme Boulos com 31% das intenções de votos, seguido por Ricardo Nunes (MDB), com 17%, e Ricardo Salles (PL), com 10%.


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