Lira nega romper com Lula, mas aconselha descentralizar articulação

Presidente da Câmara criticou disputas entre direita e esquerda, e ressaltou que plenário não será contaminado por CPIs

Arthur Lira disse que governo precisa delegar funções de articulação para outros partidos
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Arthur Lira disse que governo precisa delegar funções de articulação para outros partidos

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), negou estar rompido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas alfinetou a articulação do governo federal no Congresso Nacional. A declaração foi dada nesta segunda-feira (15), em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Lira disse ser necessário descentralizar as articulações, que estão concentradas no PT. Para ele, a falta de distribuição de funções de articulação prejudica o Palácio do Planalto a formar maioria na Câmara.

“O governo não tem aberto mão para posições de articulação da sua base aliada”, afirmou.

Arthur Lira negou haver problemas com Lula e disse que não será irresponsável em cortar relações com o Palácio do Planalto. As especulações sobre o rompimento começaram após Lula não cumprir acordos para a liberação de emendas para os deputados.

“Se especulou muito sobre um provável rompimento. Não há possibilidade, eu não seria irresponsável de, como presidente da Câmara, romper relações com o governo. O Brasil se ressentiria”, explicou Lira.

Nesta segunda, o presidente da Câmara retomará seu poder de articulação pró-Planalto para aprovar o novo arcabouço fiscal ainda nesta semana. O texto deve ser apresentado aos líderes partidários em um jantar na casa de Lira nesta noite.

Na entrevista, Arthur Lira aproveitou para criticar as disputas entre direita e esquerda no Congresso. Na visão do parlamentar, a discussão não leva o país a ‘lugar nenhum’.

“Se o debate ficar no sectarismo de direta contra esquerda, se ficar na pauta do ex-presidente ou do futuro presidente, não vamos a lugar nenhum”, afirmou.

Comissões na Câmara

Lira ainda garantiu que as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que serão instaladas na Câmara não contaminarão o ambiente do plenário. O presidente da Casa disse que as CPIs devem iniciar os trabalhos ainda nesta semana.

“No que pertine a Câmara dos Deputados, essas 3 CPIs espero que sejam instaladas esta semana. Com relação à CPMI [Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro], é importante que o Congresso se posicione, os partidos indiquem”, ressaltou.

Entre as comissões que serão instaladas na Câmara estão a que investigará as apostas esportivas. Os deputados querem apurar a influência de apostadores e jogadores de futebol na manipulação de resultados dos campeonatos Brasileiro, Paulista e Gaúcho.

Os parlamentares ainda deverão instalar outra comissão para investigar as invasões de terras provocadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A CPI é uma das preocupações do Palácio do Planalto pelo potencial de prejuízo à imagem do governo com o relatório, que ficará a cargo do deputado Ricardo Salles (PL-SP), um aliado de primeira ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A terceira trata sobre as inconsistências contábeis das lojas Americanas, que passa por recuperação judicial.

Além das CPIs na Câmara, Lira tem admitido preocupação sobre a contaminação da CPMI do 8 de Janeiro na Câmara dos Deputados. Embora o governo esteja buscando a maioria na comissão, há um receio sobre a possibilidade da oposição usar a tribuna da Casa como palanque contra as ações da CPMI.