General diz que Lula concordou em não efetuar prisões no 8 de janeiro

Menezes explicou que sugestão foi dada para evitar tragédia

General de Divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes foi exonerado, segundo publicação do Diário Oficial
Foto: Divulgação/Exército Brasileiro
General de Divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes foi exonerado, segundo publicação do Diário Oficial


O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes , responsável pelo comando militar do Planalto, prestou depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (12) e afirmou que sugeriu em 8 de janeiro , ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não fossem realizadas prisões nos acampamentos golpistas naquela data. Ele relatou que o mandatário concordou com os seus argumentos.

Segundo o militar, ele tinha muita preocupação que ocorresse um cenário de guerra contra os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e pessoas ficassem feridas no confronto.

No dia 8 de janeiro, bolsonaristas praticaram atos de terrorismo ao invadirem e depredarem as sedes dos Três Poderes em Brasília. Muitos deles ficaram em acampamentos golpistas montados na frente dos quartéis-generais do Exército espalhados pelo Brasil desde o fim do segundo turno das eleições de 2022.

Em 9 de janeiro, os acampamentos foram removidos pela polícia e ocorreram prisões de suspeitos de terem participado dos atos golpistas. Segundo investidores da PF, a decisão de deixar a operação para o dia seguinte facilitou que alguns terroristas e vândalos escapassem durante a noite.

Por estar na China, a Presidência da República afirmou que não vai comentar o episódio neste momento.

PF escuta 80 militares

A Polícia Federal começou a escutar nesta quarta militares sobre o ato terrorista de 8 de janeiro.

Em fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a Corte é responsável por julgar os militares que supostamente teriam participado das manifestações golpistas e criminosas. O magistrado ainda abriu inquérito para apurar a participação de integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal e das Forças Armadas.

Os depoimentos foram de militares das Forças Armadas e GSI (Gabinete de Segurança Institucional). A determinação de Moraes ocorreu após analisar um pedido da Polícia Federal para investigar possíveis crimes cometidos pelos agentes de segurança pública.

Os policiais federais justificaram que PMs ouvidos na 5ª fase da Operação Lesa Pátria apontaram “possível participação/omissão dos militares do Exército Brasileiro, responsáveis pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelo Batalhão da Guarda Presidencial”.

Moraes disse que os crimes em questão estão previstos no Código Penal. Por conta disso, não se pode fazer qualquer distinção entre investigados civis ou militares.


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