TSE pede ao STF dados sobre perícia da "minuta do golpe"

Tribunal quer usar dados como provas em processo que pode deixar Jair Bolsonaro inelegível

Minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres será usada como prova em inquérito contra Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução - 05/07/2022
Minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres será usada como prova em inquérito contra Jair Bolsonaro

O corregedor da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso às informações sobre a perícia realizada pela Polícia Federal na minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O ofício foi enviado ao STF nesta segunda-feira (20).

Segundo Gonçalves, os dados serão anexados como prova em um processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por abuso de poder político e econômico. O inquérito investiga a reunião com embaixadores em que o ex-presidente ataca as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral no Brasil.

"O pedido abarca, em parte, pontos já fulminados pela preclusão temporal, lógica e consumativa. É que, conforme relatado, a admissibilidade da juntada da minuta de decreto de Estado de Defesa e o entendimento pela inexistência de violação à estabilização da demanda ou de alteração da causa de pedir são pontos decididos anteriormente e referendados em Plenário. Não há espaço para rediscutir esses pontos e, menos ainda, para questionar o prazo que havia sido assinalado para a manifestação dos investigados a respeito do documento", afirma Gonçalves em seu despacho.

O ministro do TSE ressaltou que a Corte eleitoral já entendeu que a minuta é uma prova no processo. Caso seja condenado, Bolsonaro poderá ficar inelegível.

Na última semana, Anderson Torres prestou depoimento ao TSE e minimizou o encontro da minuta golpista. Ao corregedor, Torres chamou a minuta de 'lixo' e disse que o texto é 'folclórico'.

O documento foi encontrado na casa do ex-ministro após um mandado de busca e apreensão no inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Desde o dia 14, Anderson Torres está preso na carceragem da Polícia Militar em Brasília.

O TSE ainda quer prosseguir com as investigações contra a cúpula bolsonarista e deve intimar o deputado Filipe Barros (PL-PR) nos próximos dias. Barros é acusado de vazar informações sobre o inquérito que investiga um ataque hacker ao sistema do TSE.