Deputados bolsonaristas foram ao Senado nesta terça-feira (28) para pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques de 8 de janeiro aos Três Poderes. A proposta para criar a CPMI já foi enviada à presidência do Congresso Nacional, mas Pacheco tem segurado a medida a pedido do Planalto.
Os congressistas foram à sala da presidência do Senado e entoaram gritos à favor dos golpistas. Eles ainda levantaram cartazes defendendo os manifestantes e com pedidos para “descobrir a verdade”, em referência às acusações da participação de infiltrados de esquerda nos ataques.
Um dos líderes da proposta é o senador Rogério Marinho (PL-RN), adversário de Pacheco na disputa pela presidência do Senado. Marinho disse a CPMI terá a missão de punir apenas aqueles que forem identificados pelas Câmeras do Congresso.
“Defendemos que haja individualidade das condutas para que, ao longo desses 40 dias, as pessoas que efetivamente tenham suas imagens resgatadas nas câmeras dos três órgãos já devidamente identificadas sejam processadas e punidas e as que demais sejam libertadas”, disse.
Nos bastidores, a ação da oposição é vista como uma estratégia para atrapalhar os planos do governo e desviar o foco das pautas econômicas. Se instaurada, a CPMI será prioridade na Câmara e no Senado, atrasando matérias importantes para os governistas, como a Reforma Tributária.
A cúpula do Palácio do Planalto interpreta o protesto dos congressistas como tentativa de conseguir palanque em meio às investigações e reviver o bolsonarismo no Congresso. Membros ligados à Lula ressaltaram a preocupação de que a comissão seja comandada, relatada e tenha maioria de oposicionistas.