Bolsonaro ataca eleição e anuncia volta ao Brasil: 'Missão não acabou'

Ex-presidente disse que retorno será "nas próximas semanas"

Evento com a participação de Bolsonaro neste sábado (11)
Foto: Instagram - 10.02.2023
Evento com a participação de Bolsonaro neste sábado (11)

Sem provas, o  ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar neste sábado (11) o sistema eleitoral brasileiro e anunciou que irá retornar ao Brasil nas próximas semanas porque "sua missão ainda não acabou".

As falas ocorreram no evento Church of All Nations ("Igreja de Todas as Nações", em tradução livre), da Assembleia de Deus, organizado pelo movimento YES Brazil USA, grupo que se autodenomina "cristão e de direita".

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG

Bolsonaro disse também que “aos olhos do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]” não conseguiu se reeleger, em mais um ataque ao tribunal que rege as eleições no país. 

“É uma satisfação muito grande a forma que vocês tem me tratado em qualquer lugar desse mundo. Isso não tem preço. Ainda mais para quem, pelo menos diante do TSE, não conseguiu se reeleger. Todos nós temos uma missão aqui na Terra, a minha missão ainda não acabou. Não interessa o que venha a acontecer comigo aqui ou no Brasil”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro foi o primeiro presidente brasileiro a não conseguir se reeleger, perdendo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde que perdeu o mandato, Bolsonaro se isolou na Flórida sem previsão de retorno. Ele aplicou à embaixada americana um pedido de visto por mais 60 dias, já que seu prazo legal no país chegou ao fim em janeiro. 

"Por melhor que esteja em qualquer lugar do mundo, não existe algo melhor do que a nossa terra. A saudade bate no peito de todo mundo aqui. Não tem aqui quem não tenha um irmão, tio, um filho, um amigo lá no Brasil. Nós sabemos que é um país fantástico. Eu também quero retornar ao Brasil. Pretendo retornar ao Brasil nas próximas semanas", declarou.

Yanomamis

O ex-presidente rechaçou críticas à sua gestão nas terras indígenas yanomamis. Segundo ele, há "interesses" na região. Bolsonaro também não apresentou prova das acusações. 

"Essa questão yanomami agora. A intenção não é atender a esses. Porque ali tá misturado, 40% da terra yanomami está no Brasil e 60% está na Venezuela. Se não tivesse riqueza lá, não teria sido demarcado como terra indígena. Os interesses são muitos. Não há interesse em ajudar a população", disse. 

8 de janeiro

Ainda tentando eximir sua responsabilidade nas crises do país, Bolsonaro chamou os golpistas do 8 de janeiro de "presos políticos" e não condenou os ataques às sedes dos Três Poderes, depredadas por terroristas no mês passado. 

"Lamentamos pelas centenas de presos políticos presos em campo de concentração no Brasil. Ninguém concorda com depredação de patrimônio público. Quem fez, tem que pagar. Mas a grande maioria não tem culpa de nada. E não é justo o que acontece com essas pessoas". 

Cartão corporativo

Após escândalo revelado pelo atual governo, de que o ex-presidente Bolsonaro havia gastado R$ 75 milhões no  cartão corporativo da Presidência, Bolsonaro veio a público rebater os gastos. 

"Por que caíram do cavalo no cartão corporativo? São três cartões. Dois não ficam comigo, ficam com o GSI. O meu particular que eu podia sacar R$ 17 mil por mês, quanto eu saquei? Zero". 

Com o fim do sigilo em seu cartão corporativo , as contradições no discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro começam a se revelar. Quando esteve no governo, Bolsonaro disse que não utilizava o cartão corporativo . Porém, até mesmo as motociatas dos últimos quatro anos foram custeadas com o benefício presidencial. 

Segundo informa o jornal Estado de S.Paulo, o custo médio de cada motociata realizada por Bolsonaro foi 'R$ 100 mil cada aos cofres públicos' . As informações são baseadas nos documentos obtidos pela agência Fiquem Sabendo . Tudo pago com o cartão corporativo do governo federal. As motociatas ocorreram em diversas cidades e contavam com um efetivo de até 300 militares por passeio. 

Moedas do lago

Em fevereiro, foi noticiado que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, havia roubado as moedas do lago da Presidência para doar para instituições de caridade. Ela não comprovou os repasses até hoje. 

Bolsonaro ironizou a acusação e corroborou com a versão de Michelle.

"Quais as acusações da mídia contra mim, contra minha esposa nesse momento? Roubaram as moedinhas do lago! R$ 2.200 em moedinhas. Foram entregues para uma instituição de caridade."

Emas

Na última semana, morreram duas emas da Granja do Torto, casa que Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, ocupou parte do tempo que esteve no cargo. A cousa da morte está relacionada à obesidade. Os animais estavam sendo alimentados com comida humana, segundo relatos do Planalto. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro também negou responsabilidade no caso. "Agora, estou sendo acusado de assassinar emas por obesidade. Não morreram em quatro anos, mas parece que duas morreram agora. Aí, vêm para cima da gente".