O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta sexta-feira (3), que a Polícia Federal abra uma investigação contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES) por suspeita de falso testemunho e denunciação caluniosa. A decisão tem como base o depoimento e entrevistas dadas pelo senador que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de coagi-lo a participar de plano golpista.
Moraes pediu para que PF cumpra diligências necessárias para investigar o senador e determinou o sigilo do processo. Ele ainda determina que a revista Veja e as emissoras CNN e GloboNews envie as entrevistas do parlamentar ao STF no prazo de cinco dias.
"Ouvido sobre os fatos, o Senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento", afirmou Moraes, em seu despacho.
Na quinta, Marcos do Val promoveu uma live em seu Instagram para acusar Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) de tramarem um plano golpista para alterar o resultado das eleições e, de quebra, comprometer Alexandre de Moraes. Segundo o senador, a ideia era realizar uma gravação ilegal contra o ministro do STF para criar uma narrativa de interferência no resultado do pleito do ano passado.
Horas depois, Marcos do Val alterou suas falas e disse que o ex-presidente da República apenas participou do encontro, mas não esboçou reação quando foi sugerida a ideia golpista. Em seguida, mudou novamente seu depoimento e disse que Bolsonaro apenas aguardaria a resposta do parlamentar.
O senador prestou depoimento à PF no mesmo dia, mas, novamente, alterou fatos narrados anteriormente. Moraes acredita que o senador tenta, de alguma forma, atrapalhar as investigações sobre os atos golpistas.
O ministro do STF ainda determinou que do Val seja investigado por coação no curso do processo, quando há tentativas de embaralhar as investigações judiciais. Alexandre de Moraes ainda determinou que a Meta, gestora do Instagram, entregue a gravação da live feita pelo parlamentar em até cinco dias úteis.