O ministro Alexandre de Moraes
, do Supremo Tribunal Federal
, acatou um pedido da Polícia Federal e autorizou que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) preste depoimento após dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo para dar um golpe de Estado.
“Conforme amplamente noticiado, o senador divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal”, escreveu Moraes na decisão.
O ministro determinou que a Polícia Federal tem até cinco dias para escutar a versão do senador.
Alexandre de Moraes concordou com a solicitação feita pelo delegado Raphael Astini, responsável pelo inquérito que investiga o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública distrital, Anderson Torres, no ato terrorista de 8 de janeiro contra os prédios dos Três Poderes.
Na quarta (1°), o senador revelou que se reuniu com Bolsonaro e Silveira e que foi coagido para gravar uma conversa com Moraes, na tentativa de ter uma declaração comprometedora contra o ministro do Supremo.
“A ideia era que eu gravasse o ministro falando sobre as decisões dele, tentar fazer ele confidenciar que agia sem observar necessariamente a Constituição. Com essa gravação, o presidente iria derrubar a eleição, dizer que ela foi fraudada, prender o Alexandre de Moraes, impedir a posse do Lula e seguir presidente da República. Fiquei muito assustado com o que ouvi”, revelou.
O repórter da revista questionou se Bolsonaro tinha realmente dito tudo aquilo. “Disse”, confirmou do Val.
Marcos do Val deu outra versão nesta quinta
Porém, com a repercussão, o senador passou a ter falas contraditórias. Ele agora afirma que o ex-presidente ficou calado durante toda a reunião e que o plano foi explicado apenas por Daniel Silveira.
“Saiu na imprensa que ele [o ex-presidente Jair Bolsonaro] me coagiu, e isso não confere”, disse em coletiva de imprensa feita hoje de manhã.
Na sequência, responsabilizou Silveira. “Ele estava num movimento de manipular para que o presidente comprasse a ideia dele caso um senador aceitasse a missão”, completou.
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