O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve priorizar a retomada da integração do Brasil novamente a cúpula de países da América Latina em seu mandato. Diferente de Jair Bolsonaro - que sempre disse abertamente que a relação com os países vizinhos não era uma prioridade de seu governo - Lula pretende reconstruir esses laços deixados de lado pelo ex-presidente ao desembarcar neste domingo (22) na Argentina .
No entanto, apesar da vontade do mandatário, o trabalho será muito mais desafiador do que o encontrado por ele há 20 anos em seu primeiro governo.
A crise econômica na Argentina, a convulsão política no Peru e o isolamento de países como Cuba e Venezuela, devem afetar o andamento da relação bilateral esperada pelo chefe do Executivo, que na Argentina participa da reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na terça e, no dia seguinte, visita o Uruguai.
Além disso, a polarização política e ideológica também afeta a região de diversas maneiras. Veja alguns exemplos:
- No México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador tenta mudar a lei eleitoral para reduzir a força da oposição em seu país com um discurso de contestação do sistema que lembra declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
- No Peru, país que pode roubar a pauta no encontro regional, há dezenas de mortos em protestos contra a presidente Dina Boluarte, que sucedeu a Pedro Castillo após sua destituição por um autogolpe frustrado.
- Nos países vizinhos, há uma uma divisão no que se refere à aceitação dos regimes de Cuba e da Venezuela.
- Gabriel Boric, presidente do Chile e esquerdista, mantém uma posição crítica em relação à condução política do venezuelano Nicolás Maduro.
Na Argentina, Lula deve argumentar com os colegas que isolar um país é um erro.
Já ao conversar com os presidentes da Argentina, o esquerdista Alberto Fernández, e do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, de direita, o mandatário quer promover a mensagem de que a integração entre os países deve estar acima de qualquer pauta ideológica.
Lula retoma em sua viagem a tradição da diplomacia brasileira de a Argentina primeiro destino do presidente no cargo. Ele irá amanhã à Casa Rosada, onde discutirá com Fernández a agenda econômica de interesses em comum. No local, o presidente assinará um acordo de ciência e tecnologia para a Antártida que também envolverá cooperação logística.
Já no Uruguai, o chefe do Executivo deve se empenhará para reorganizar a relação do Brasil com o vizinho. Um dos pontos que devem ser discutidos será a negociação entre Uruguai e China de um acordo de livre comércio sem os demais sócios do Mercosul.
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