O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) incluiu o coronel Marcelo Ustra da Silva Soares, primo do torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra na lista de dispensa dos 40 militares que trabalhavam na coordenação do Palácio do Alvorada
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A retirada do coronel ocorreu em 13 de janeiro, no entanto, a decisão só foi publicada na edição desta terça-feira (17) no Diário Oficial da União. A liberação não foi justificada pela Secretaria-Geral da Presidência da República.
Marcelo Ustra é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó do torturador Brilhante Ustra. O coronel era responsável pela assessoria técnica militar do Gabinete de Segurança Institucional desde 2020, quando Jair Bolsonaro (PL-RJ) ainda era presidente da República.
Marcelo tem boa relação com o ex-mandatário do governo federal. Ele participou da comitiva de Bolsonaro para Orlando, nos Estados Unidos, em dezembro do ano passado.
Além disso, o coronel usou as redes sociais em novembro do ano passado para compartilhar um vídeo do torturador com a seguinte frase: “Alguém pelo amor de Deus ressuscitem (sic) este homem urgente”.
Quem é o torturador Brilhante Ustra?
Ele foi coronel do Exército e comandou o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna) no período da ditadura militar, regime responsável por matar milhares de brasileiros que lutavam por um país democrático.
O DOI tinha como responsabilidade capturar de forma ilegal os inimigos do regime, torturando-os sem qualquer piedade. Ustra é considerado um símbolo da repressão militar após o AI-5 (Ato Institucional n° 5), um dos momentos mais duros do Brasil.
A Justiça de São Paulo classificou Ustra, em primeira e segunda instância, como torturador. Historiadores o colocam como um dos militares mais cruéis da história do país.
Em 2016, o militar foi homenageado pelo então deputado federal Jair Bolsonaro. Durante a votação de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o capitão da reserva dedicou seu voto à "memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma”. O crime foi ignorado pelos deputados do Congresso e Bolsonaro não recebeu nenhuma punição.
O caso repercutiu negativamente na imprensa, mas ganhou a simpatia de um grupo de brasileiro. Dois anos depois, Bolsonaro foi eleito presidente da República.
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