Câmera flagrou destruição de relógio Martinot e obra de Di Cavalcanti

Caso ocorreu no último domingo (8) durante atos de terrorismo na Praça dos Três Poderes, em Brasília

Vândalo olha para câmera de segurança após destruir pêndulo raro do século 17
Foto: Reprodução/TV Globo - 15.01.2023
Vândalo olha para câmera de segurança após destruir pêndulo raro do século 17

Uma semana após os atos de terrorismo aos três poderes no Distrito Federal, cenas de violência e depredação registradas por  câmeras de segurança do Planalto trazem novos desdobramentos para o caso. Imagens divulgadas pelo programa Fantástico , da TV Globo , flagraram um homem destruindo o raríssimo e histórico relógio de Balthazar Martinot, de valor inestimável, além de mostrar um outro vândalo perfurando a obra "As Mulatas" de Di Cavalcante criada há 60 anos. 

Na reprodução, que mostra a destruição do relógio que Dom João VI trouxe para o Brasil em 1808, um homem vestindo uma camisa com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproxima-se da mesa, onde está a obra, e puxa o pêndulo raro para o chão. Logo depois, ele arrasta móveis e tenta, por duas vezes, quebrar câmeras que registram as imagens com um extintor de incêndio.

Veja imagem do momento de vandalismo:

Outras imagens mostram a obra "As Mulatas", de Di Cavalcanti, criado há 60 anos, sendo perfurado com uma barra de metal com sete golpes. Assista o momento abaixo:


Após o ocorrido, o Palácio do Planalto informou que os bolsonaristas radicais destruiram obras que estavam no térreo, no primeiro e no segundo andar do prédio.

Veja a lista divulgada:

No andar térreo

Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.

No 2º andar:

O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.

No 3º andar:

Obra “As mulatas”, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até 5 vezes maior em leilões.
Obra “O Flautista”, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.

Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.
Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck — exposta no salão, a mesa foi usada como barricada pelos terroristas. Avaliação do estado geral ainda será feita.

Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício. Teve o vidro quebrado.

Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dos relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.

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