Cinco perguntas que Anderson Torres terá que responder à PF

Ex-ministro foi preso neste sábado (14)

Torres teve a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Torres teve a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes

O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres , desembarcou em Brasília neste sábado (14) ao chegar dos Estados Unidos e  foi preso pela Polícia Federal. A sua prisão preventiva foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes por causa das investigações sobre o ato terrorista que ocorreu no último domingo (8) nas sedes dos Três Poderes.

Torres estava no país norte-americano com a família quando bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do STF, do Congresso Nacional e também do Palácio do Planalto. Ele foi exonerado do cargo de Secretário de Segurança do DF e passou a ser suspeito de ter sido omisso no episódio.

Agora o aliado do ex-presidente Bolsonaro precisará responder cinco perguntas que serão feitas pelos agentes da Polícia Federal.

Confira:

Omissão com o ato terrorista

O ministro Alexandre de Moraes solicitou para a PF investigar se houve omissão e conivência de Anderson com o ato terrorista. “As omissões do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar, detalhadamente narradas na representação da autoridade policial, verificadas, notadamente no que diz respeito à falta da devida preparação para os atos criminosos e terroristas anunciados, revelam a necessidade de garantia da ordem pública", disse Moraes.

Torres ficou incomodado com a suspeita e chegou a soltar nota para rebater as acusações. “Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos".

Alteração na segurança

Anderson é apontado como o maior responsável por ter alterado a segurança de Brasília, o que facilitou o ato terrorista. O ex-secretário teria exonerado vários servidores responsáveis por comandar a Secretaria de Segurança, conforme denunciou Ricardo Capelli, interventor da segurança pública do Distrito Federal.

“A secretaria estava acéfala no dia 8. Conversei com o chefe de gabinete do secretário anterior e ele me disse que, para a operação do dia 1º, eles viraram noites e noites dentro dessa sala fazendo planos, checando, indo, voltando. Qual foi o planejamento pro dia 8? O secretário sequer estava aqui e exonerou o comando da secretaria. Houve desmonte do comando da secretaria. O secretário viajou por acaso? Essas ações são coincidência? Não me parece”, falou Capelli em entrevista ao jornal O GLOBO.

Ida aos Estados Unidos

Anderson viajou para os Estados Unidos e não estava disponível durante o ato terrorista. O ex-ministro relatou que estava passando férias com a família em Orlando. Porém, no dia 27 de dezembro, o ex-presidente Bolsonaro assinou um despacho em que mostrava que o período de pausa de Torres começaria no dia 9, ou seja, houve uma antecipação.

O ex-ministro precisará explicar qual o motivo de ter antecipado as férias. Também terá que dizer como lidou com a crise que ocorreu no fim de semana anterior em Brasília.

Falhas

Alexandre de Moraes argumentou em seu pedido de prisão que Torres poderia ter tomado uma série de decisões para impedir os atos, como planejar o emprego operacional dos órgãos que fazem parte do Sistema de Segurança Pública do Distrito Federal (PMDF, PCDF, CBMDF) e do Departamento de Trânsito do Distrito Federal.

O ministro também estranhou o fato de centenas de ônibus terem ido para Brasília sem qualquer acompanhamento policial e monitoramento da equipe de segurança pública do DF . Alexandre terá que explicar esse ponto também.

O documento do golpe

No fim desta semana, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-ministro uma minuta de decreto presidencial que sugeria a Bolsonaro uma intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Isso poderia fazer com que o ex-presidente anulasse o resultado das eleições no ano passado.

Pelas redes sociais, o ex-secretário do DF falou que o documento seria descartado e que Bolsonaro não chegou a receber o papel.

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