Edson Arantes de Nascimento
, o Rei Pelé
, morreu nesta quinta-feira (29). Ele estava internado há um mês no Hospital Albert Einstein e lutava contra um câncer. Ao longo da sua trajetória, o maior jogador de futebol da história não se limitou a atuar apenas nas quatro linhas. Ele também participou da política do Brasil, lutando para que a Ditadura Militar chegasse ao fim, tanto que em 1984 vestiu uma camisa da seleção brasileira com a seguinte frase: “ Diretas Já
”.
Pelé teve sua imagem usada pela ditadura militar no fim dos anos de 1960 para se popularizar. Muitos jornalistas e jogadores acusaram o rei de ser “cúmplice” dos militares, porque não se posicionava contra o regime. Ele sempre negou qualquer ligação com as Forças Armadas.
O rei do futebol foi criticado por cumprimentar líderes da ditadura, mas sempre deixou claro que a ação era um comportamento pessoal e que não representava qualquer apoio aos ditadores.
Essa suposta boa relação começou a degringolar em 1971, quando o ex-jogador se aposentou da seleção brasileira após ganhar a Copa do Mundo de 1970. Os militares não gostaram da decisão e chegaram a chamar a ação como uma “desobediência esportiva”.
Em 1972, o presidente Médici se encontrou com Pelé e tentou convencê-lo a voltar a jogar pela amarelinha. O ex-atleta se negou e continuou atuando apenas no Santos, o que irritou ainda mais os ditadores.
O regime militar passou a jogar a população brasileira contra o rei. Muitos torcedores começaram a chamá-lo de “ganancioso”. Em 1974, ministros tentaram levá-lo para a Copa do Mundo, no entanto, novamente recusou. Inclusive, no mesmo ano, ele acusou a ditadura de colocar a opinião pública contra sua imagem.
Pelé também passou a ser investigado pelas Forças Armadas, porque o governo brasileiro temia que ele entrasse na política e fosse candidato pelo PDT, sigla de Leonel Brizola. Anos depois, Pelé confirmou que sua aposentadoria da seleção brasileira aconteceu para boicotar a ditadura, que “estava prejudicando demais o povo”.
Pelé e as Diretas Já
Insatisfeito com os militares, Pelé se engajou no movimento Diretas Já. Ele apareceu na televisão com uma réplica da Taça Jules Rimet e evidenciou seu apoio aos protestos que tomavam todo o país. O ex-jogador explicou que o troféu representaria a “outra Copa” e que o Brasil necessitava vencer, ou seja, oferecer ao povo eleições diretas.
Em 1984, ele filmava o filme “Pedro Mico” e foi chamado pelo fotógrafo da revista Placar, Ronaldo Kotscho. O profissional pediu para que o rei usasse uma camisa da seleção brasileira com a frase “Diretas Já!”.
O craque não aceitou a proposta inicialmente, o que fez Kotscho a mostrar a camiseta às pessoas que estavam no set. Depois de um tempo, ele concordou em usar a peça e tirou a foto, que acabou sendo usada na capa da revista.
Pelé afirmou que ficou orgulhoso com a fotografia, chamando a ação de “gol de placa”. Na visão dele, seu posicionamento “ajudou o povo brasileiro no caminho pela liberdade”.
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