Eleição, debates e desistência: relembre destaques da política em 2022

Em ano de eleições, a esfera política de 2022 foi marcada por fatos envolvendo prisão de ex-ministro, ex-deputado, manifestações e desistências

Perdão a Daniel Silveira

Em abril, o presidente Jair Bolsonaro (PL) editou um decreto e concedeu a "graça" ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que havia sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a quase nove anos de prisão por ameaças e incitação de violência contra ministros da Corte. O indulto, que foi dado menos de 24 horas após a sentença, funciona como um perdão dos crimes cometidos.

Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados - 06.04.2022

Prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro

Suspeito de envolvimento em corrupção e tráfico de influência durante sua gestão frente ao Ministério da Educação, o ex-ministro Milton Ribeiro foi preso pela Polícia Federal em junho deste ano. A operação da PF envolvendo o caso investigava denúncias relacionadas à atuação de pastores dentro do MEC. Pressionado por evangélicos, Ribeiro já havia pedido exoneração em 28 de março.

Valter Campanato/Agência Brasil - 29/11/2021

João Doria ganha prévias, mas desiste

Já em relação às eleições 2022, o ex-governador João Doria, que havia vencido, no final de 2021, as prévias do PSDB para concorrer à Presidência, desistiu de sua candidatura em maio deste ano. O anúncio veio após pressão política dentro do partido, que, mais tarde, oficializou apoio à senadora Simone Tebet (MDB-MS). Em 19 de outubro, Doria anunciou a desfiliação do PSDB após 22 anos.

Reprodução/Facebook João Doria

Outras desistências da corrida presidencial

Ao longo do ano, diversos nomes que haviam sido cotados para concorrer à Presidência da República desistiram da disputa, muitos deles, para anunciar apoio a candidatos que apareciam na frente das pesquisas. Além de Doria, entre os que não concorreram no primeiro e segundo turnos estão: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD); o ex-ministro e senador eleito Sergio Moro (União); Eduardo Leite (PSDB), André Janones (Avante) e o deputado federal Luciano Bivar (União).

Marcello Casal JrAgência Brasil - 24/04/2020

Bicentenário da Independência

Neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou os desfiles do Bicentenário da Independência para discursar a milhares de apoiadores presentes na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Nas falas deste 7 de Setembro, o chefe do Executivo pediu votos ao público, criticou as pesquisas eleitorais e o agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de ter puxado um coro gritando "imbrochável" — o que, à época, foi criticado pelos candidatos que disputavam o Planalto.

Antonio Cruz/Agência Brasil - 07/09/2022

Pesquisas eleitorais

Desde o início da divulgação das pesquisas eleitorais, a maioria delas apontava Lula na liderança da corrida presidencial. Com a desistência de alguns candidatos e com a proximidade do pleito, o cenário foi se estreitando e, entre o primeiro e segundo turnos, alguns dos levantamentos mostravam o petista empatado tecnicamente com Jair Bolsonaro. No entanto, como apontou o Portal iG, desde a redemocratização, os líderes das pesquisas sempre terminaram eleitos.

Montagem iG / Imagens%3A Lula Marques/Agência PT%3B Wilson Dias/Agência Brasil%3B e José Cruz/Agência Brasil%3B

Resultados diferentes

Após o primeiro turno das eleições, em 2 de outubro, as pesquisas eleitorais foram alvo de críticas, já que a maioria apresentou dados diferentes do que apareceram nas urnas. Os institutos Datafolha e Ipec foram mais criticados por errarem o desempenho de Jair Bolsonaro (PL) fora da margem de erro.

Reprodução/TV Globo - 28.10.22

Debates presidenciais

Os debates presidenciais tiveram grande repercussão neste ano devido à polarização desta eleição. Eles foram realizados no SBT, TV Band e TV Globo. Candidatos que apareciam atrás nas pesquisas também tiveram destaque, como Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União) e Padre Kelmon (PTB), que realizou dobradinhas em alguns dos eventos com o presidente Jair Bolsonaro.

Reprodução/Band - 16.10.2022

Caso da deputada Carla Zambelli

Dois dias antes do segundo turno, a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais apoiadoras de Jair Bolsonaro, se envolveu em uma confusão em um bairro nobre de São Paulo e perseguiu o jornalista Luan Araújo, eleitor de Lula, enquanto apontava uma arma para ele na rua. O caso teve repercussão negativa entre a ala bolsonarista, que ficou preocupada que o episódio pudesse influenciar no resultado das eleições. Nessa terça (20), o STF determinou a suspensão da autorização de porte de arma da parlamentar e o ocorrido segue em investigação.

Reprodução - 29.10.2022

Caso Roberto Jefferson

O ex-deputado Roberto Jefferson foi preso no dia 23 de outubro após trocar tiros com policiais federais que foram até a casa dele, no interior do Rio de Janeiro, para prendê-lo. Na ocasião, ele disparou tiros de fuzil e atirou granadas na direção dos agentes. Ele se tornou réu por tentativa de homicídio contra policiais federais, resistência qualificada e outros crimes.

Reprodução / TV Globo - 23.10.2022

Eleições

No dia 30 de outubro, após 20 anos de sua primeira vitória, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o pleito e governará o Brasil pela terceira vez, a partir de janeiro de 2023. As eleições foram marcadas por grande polarização política, com a grande parte dos votos distribuídas entre o petista e o atual mandatário, Jair Bolsonaro. A disputa também foi apertada, finalizando o resultado com Lula marcando 50,90% e Bolsonaro, 49,10%.

Ricardo Stuckert - 19.10.2022

Derrota de Bolsonaro

Após passar mais de 44 horas sem realizar uma declaração sobre o resultado das eleições, Jair Bolsonaro se pronunciou em um discurso de 2 minutos, no dia 1º de novembro. Na ocasião, ele agradeceu os votos que recebeu e falou sobre as manifestações de apoiadores que bloqueavam estradas em vários estados do país. Pela primeira vez, o presidente em exercício que tentou a reeleição não terminou eleito. Como apontou o iG, os líderes nas pesquisas sempre venceram as disputas.

Isac Nóbrega/PR - 01/11/2022

Atos antidemocráticos

Logo após a divulgação do resultado do pleito, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começaram a bloquear estradas e rodovias pelo país e se reuniram em frente a quartéis, pedindo que militares impeçam a posse de Lula. No dia 2 de outubro, o atual mandatário pediu que os manifestantes desobstruíssem as vias e, apesar da redução, os protestos seguem e ainda podem ser encontrados em algumas partes do Brasil.

Reprodução / TV Globo - 02.11.2022