Beto Marubo
, líder indígena do Vale do Javari
, afirmou nesta terça-feira (22) que lideranças indígenas estão preocupadas que os povos isolados não sejam atendidos pelo governo federal. Ele declarou que torce para que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça o Ministério dos Povos Originários a “cara dos povos indígenas
”.
Beto relatou que o governo de transição não chamou a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato para participar da equipe técnica que vai coordenar o setor. A transição optou por chamar líderes, deputados indígenas e estudiosos.
“Esperamos que a Funai possa ter o seu poder de polícia regulamentado e tenha orçamento decente, voltado sobretudo para a proteção das terras indígenas e para desativar o esquema de destruição dos mecanismos de proteção ambiental feito durante os 4 anos de governo Bolsonaro. Esperamos que a equipe de coordenação de indígenas isolados seja totalmente renovada”, falou Marubo em entrevista ao jornal O Globo.
A Univaja tem como objetivo trabalhar em conjunto co ma Funai (Fundação Nacional do índio) no próximo governo. “Estamos fazendo um acompanhamento, por terra, de um trecho de 400 quilômetros na parte Sul do vale, para coibir invasões a partir do Acre, nas áreas das terras indígenas de Eirunepé e Ipixuna. É uma região de presença de indígenas isolados”, completou.
Crimes no Vale do Javari
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinatos em junho deste ano na região. Os suspeitos pelo crime estão em liberdade. O local é conhecido por causa da presença de caçadores e pescadores ilegais.
Segundo Marubo, mesmo com a repercussão mundial, invasores e quadrilhas seguem atuando no Vale do Javari. Apesar das ações da Polícia Federal e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), os crimes continuam ocorrendo.
“Eu convido o presidente Lula a visitar o Vale do Javari, uma vez que, com tudo o que aconteceu, nenhuma autoridade, além das forças policiais, esteve lá. Esperamos que o próximo governo atue fortemente a partir de já. Temos vidas de indígenas em perigo hoje”, completou.
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