Uma gravação de áudio mostra um integrante da campanha do candidato ao governo de São Paulo nas eleições 2022 Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandando um cinegrafista da rede Jovem Pan apagar as imagens que foram registradas do tiroteio em Paraisópolis, na Zona Oeste de São Paulo . O episódio do último dia 17 interrompeu a agenda do ex-ministro e terminou com um suspeito morto .
O profissional da emissora pediu para não ser identificado, mas estava no local com o candidato e outros membros da imprensa que acompanhavam a campanha do ex-ministro. Eles chegaram a se esconder em um prédio na comunidade e também ficaram abaixados em uma sala para se proteger dos disparos. Mais tarde, o Tarcísio e as outras pessoas que estavam com ele deixaram o local acompanhados de seguranças e escoltados por uma van blindada .
De acordo com apuração da Folha de S. Paulo , ainda no local, o profissional da emissora começou a ser questionado sobre as imagens. "Você filmou os policiais atirando?", perguntou um integrante da campanha de Tarcísio. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM para cima dos caras", respondeu o profissional.
O membro da equipe também perguntou se o cinegrafista filmou as pessoas que estavam no local onde o evento de Tarcísio estava sendo realizado. "Tem que apagar. Essa imagem que você filmou aqui também. Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso, não", afirmou o segurança, em seguida.
Ouça o áudio obtido pela Folha :
Ainda segundo o jornal, as imagens, no entanto, já tinham sido enviadas à Jovem Pan, que passou a exibir as gravações logo depois do tiroteio . Procurada, a emissora disse que a campanha do candidato não entrou em contato para pedir qualquer tipo de restrição à exibição dos vídeos.
"A Jovem Pan exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico", informou ao jornal.
Já a chapa de Tarcísio , em resposta sobre a ordem de apagar a gravação, disse que "um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista da Jovem Pan se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá". A assessoria afirmou que diversos veículos também fizeram imagens do episódio e as colocam no ar.
De acordo com a nota, a pergunta foi feita na frente de outros jornalistas que estavam no local. "Nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha em relação a isso. Qualquer afirmação que questione isso é uma mentira", acrescentou o texto.
A troca de tiros em Paraisópolis ainda está sob investigação pela Polícia Civil do estado de São Paulo .
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