Progressistas vai à Câmara e pede cassação do deputado André Janones

Partido justifica fake news propagadas pelo parlamentar contra o presidente Jair Bolsonaro e vê ações como quebra de decoro

 Deputado André Janones (Avante-MG) é alvo de pedido de cassação por propagação de fake news
Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados
Deputado André Janones (Avante-MG) é alvo de pedido de cassação por propagação de fake news

O Progressistas, partido que compõe a chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL), entrou com uma representação na Câmara dos Deputados para cassar o mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG). A legenda vê que a propagação de notícias falsas no perfil do parlamentar pode configurar como quebra de decoro.

O documento, assinado pelo presidente do diretório nacional, deputado Cláudio Cajado (Progressistas-BA), traz publicações realizadas por Janones durante o período eleitoral, em que acusa Bolsonaro de ser “miliciano” e diz que o presidente iria proibir a extradição do ex-jogador do Santos Robinho para a Itália, onde foi condenado por estupro. A peça ainda traz destaque para as publicações do deputado do Avante em que acusa Bolsonaro de ser pedófilo,  após a divulgação de vídeo em que o presidente disse ter “pintado um clima” entre eles e adolescentes de 14 anos.

“Eu fiz em função das graves acusações mentirosas que o deputado tem feito para com o presidente Bolsonaro. Nas redes sociais, o deputado André Janones tem feito acusações graves, como, por exemplo, acusar o presidente Bolsonaro de pedofilia. Fora outros crimes que não são absolutamente verdadeiros”, disse Cajado, em conversa ao iG.

Em entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, Bolsonaro citou a visita feita em uma comunidade de Brasília em 2020. No encontro, o presidente conversou com venezuelanas que moravam na região.

Na conversa, Jair Bolsonaro disse ter “pintado um clima” com adolescentes de 14 e 15 anos. Em seguida, ele disse que as jovens estavam se arrumando para “ganhar a vida”, em referência à prostituição.

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, de moto. Passeando de moto, sim, passeio de jet ski, de cavalo, de jegue. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas de 13, 14 anos, bonitinhas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, no sábado, numa comunidade e vi que eram muito parecidas. Entrei, pintou um clima, voltei. Posso entrar na sua casa? Entrei. Tinhas umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas e eu pergunto: meninas bonitinhas, 14,15 anos, se arrumando o sábado de manhã, para quê? É a vida”, disse Bolsonaro.

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O vídeo teve forte repercussão nas redes sociais e foi usado por opositores para associar Bolsonaro ao crime de pedofilia, um dos mais graves do Código Penal. Após a divulgação, o YouTube excluiu o vídeo de suas plataformas e o  Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu a associação de Jair Bolsonaro ao crime.

No documento enviado à Câmara, a legenda diz que a fala do candidato do PL foi tirada de contexto e ressalta a gravação de um vídeo com as venezuelanas transmitida em redes de TV.

“Resta claro que a expressão ‘pintou um clima’ se refere única e exclusivamente a impressão que Bolsonaro teve de que as meninas venezuelanas estariam se prostituindo”, aponta o relatório.   

Cláudio Cajado acredita na admissibilidade da representação e citou o caso do deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR), cassado após propagação de notícias falsas sobre o processo eleitoral.  

“Existe um precedente que o deputado Francischini lá no Paraná foi cassado. Justamente por conta das fake news que ele publicava”, completou o presidente do Progressistas.

O pedido está na mesa do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que deverá distribuir a representação ao Conselho de Ética. Ainda não há prazo para o andamento do processo.

O iG tentou contato com o gabinete de André Janones e pelo telefone pessoal do parlamentar, mas não obteve retorno.