O primeiro debate do segundo turno das eleições 2022 para o governo de São Paulo começou dominado mais uma vez pela campanha nacional, mas evoluiu em relação aos debates do primeiro turno e mostrou ideias de governo. O líder nas pesquisas, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu as ideias do presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Fernando Haddad (PT) defendia o ex-presidente Lula (PT).
Diferentemente do debate presidencial, que mostrou uma falta de ideias na maior parte dos casos, a disputa pelo governo novamente se mostrou diferente. Sem tumultos, como os primeiros debates com os outros participantes, restou aos candidatos fazer promessas e apontar caminhos.
O que se viu foi - finalmente - um debate de como cada candidato pretende resolver os problemas do estado. Mesmo com ataques aqui e ali aos "padrinhos" dos candidatos, houve um avanço em relação aos debates do primeiro turno. Não havia - e não há - mais espaço para um encntro sem ideias.
Transmitido pela TV Bandeirantes e mediado pelo jornalista Rodolfo Schneider, o debate trouxe entre os principais temas economia, vacinas, segurança, maioridade penal, fake news e educação.
Não faltou, entretanto, provocações entre os dois. Haddad provocou Tarcísio até mesmo ao falar sobre merenda e lembrar a "guerra" bolacha x biscoito para apontar que o candidato não é do estado que pretende governar. "A merenda nas escolas é suco e bolacha. Ou biscoito, como vocês dizem no Rio de Janeiro”, afirmou Haddad.
Primeiro bloco
"A câmera incomoda, a câmera tira liberdade, está inibindo o policial de atuar, ele está sendo feito de isca, a câmera faz mal para a segurança pública, e é por isso que o cidadão de SP está inseguro", disse Tarcísio. "Produtividade nas áreas de influência dos batalhões que estão com câmera caiu", afirmou.
A fala, no entanto, contraria um relatório elaborado pela polícia militar divulgado neste ano que aponta uma redução de quase 90% nos confrontos armados e aumento de 12% em apreensões de armas.
Haddad perguntou para Tarcísio sobre o porte de armas no estado. "Você acha que a solução é botar arma na mão de todo mundo, é espalhar arma por São Paulo? Você quer trazer essa política pra cá? Essa política não deu certo no Rio de Janeiro e não dará certo em São Paulo".
Tarcísio apostou em ataques sobre a maioridade penal e prometeu que irá reduzir a idade. O candidato disse também que a posse de arma está chegando para as "pessoas de bem" .
"A gente tem que cultuar a liberdade, o brasileiro tem que ter a liberdade de escolher, por exemplo, se vai andar armado ou não vai andar armado", disse.
Com 15 minutos para usar, no primeiro bloco, em determinado momento, Haddad optou por andar pelo estúdio como se fosse um apresentador de programa de TV em busca de uma aproximação dos telespectadores. Tarcísio decidiu repetir a atitude do petista e seguiu o mesmo caminho.
Segundo bloco
No segundo bloco, os candidatos responderam perguntas de jornalistas. Sem confronto direto, o debate ficou morno, quase sonolento. Um dos principais assuntos foi o que deve ser feito sobre o transporte no estado. Tarcísio prometeu mexer nas linhas de metrô e em uma ligação maior em todo o estado. "Inadmissíveis os atrasos nas linhas da CPTM. E é fundamental expandir o transporte sobre trilhos", disse.
Quando o assunto foi uma melhora no na região central, as ideias foram opostas.
"Levar o Centro Administrativo de São Paulo para a praça Princesa Isabel. Isso é componente para resolver o problema da Cracolândia, reabilitar comércio, segurança", disse Tarcísio.
"Prioridade recuperar o Centro de São Paulo, não se faz mais nada, os projetos estão abandonados", disse Haddad. "Sou contra levar o palácio do estado para o centro, vai gastar um 'dinheirão' e não vai mudar nada", disse o petista ao criticar a ideia de Tarcísio.
Terceiro bloco
O formato do primeiro bloco do debate se repetiu, desta vez com Haddad começando a perguntar. O petista apostou em merenda escolar, farmácia popular e na relação com o orçamento com o governo federal. Tarcísio defendeu que "não vai faltar merenda" e que a rede Bom Prato será "dobrada".
O candidato do Republicanos criticou a gestão de Haddad quando prefeito de São Paulo.
Haddad rebateu e disse que tinha comida de qualidade em sua gestão e atacou Tarcísio. "Não sei o que vocês acham disso, adoram botar um agrotóxico, um veneninho", disse.
O petista apostou em uma das maiores críticas ao governo Bolsonaro e perguntou se Tarcísio traria para São Paulo "orçamento secreto" e "sigilo de 100 anos". Haddad depois trouxe ao debate uma possível privatização da Sabesp. Tarcísio disse que "acredita no setor privado" e citou a privatização da Eletrobras para defender a ideia de privatizar a Sabesp. "A conta de água vai ficar mais barata", disse.
Tarcísio usou o fim do seu tempo para prometer a chegada do metrô para o ABC e para Guarulhos.
Desempenho no primeiro turno
O candidato apoiado por Bolsonaro venceu o primeiro turno e ficou com 42,32% dos votos, enquanto 35,70% dos eleitores paulistas votaram em Fernando Haddad.
As pesquisas eleitorais mostraram ao longo da campanha o petista em primeiro lugar, até por ser o mais conhecido, já que foi prefeito de São Paulo e candidato à Presidência da República, além de ter o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
O ex-ministro da Infraestrutura era pouco conhecido do eleitorado. Por conta disso, ele passou a exibir o seu currículo e colou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro. Ele passou a campanha inteira em segundo lugar e conseguiu ficar em primeiro, superando Haddad.
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