O ex-ministro da Educação , Milton Ribeiro , falou, nesta sexta-feira (23) sobre quando foi preso em junho, e sobre as denúncias envolvendo pastores lobistas no ministério.
Quando as denúncias sobre propinas dentro do MEC surgiram, Ribeiro afirmou à filha, em telefonema interceptado pela Polícia Federal, que havia sido alertado por Jair Bolsonaro (PL) sobre possível operação da PF contra ele.
"Eu queria de alguma maneira prepará-las (a filha e a sogra) para uma possível entrada, vinda ou pedido de uma intervenção policial em casa, busca e apreensão, como de fato aconteceu. Então, se eu cometi um erro nesse episódio, esse foi o meu erro. Alguns advogados me disseram que seria possível acontecer isso. Se o presidente houvesse me ligado, eu nem estaria na casa (no momento da prisão), fecharia tudo e iria para o interior, para outro lugar. Se ele me desse uma informação tão precisa... Eu não recebi ligação nenhuma do presidente, falei isso para dar a elas (filha e sogra) um caráter mais de seriedade e prepará-las", disse o ex-ministro nesta sexta, em entrevista ao Antagonista.
Ribeiro também afirmou que cometeu uma "grande falha" ao citar o presidente:
"Essa foi a grande falha que cometi e agora de maneira direta ou indireta querem envolver o presidente. Se ele tivesse informações privilegiadas eu teria outro tipo de informação, jamais seria preso, jamais ia surgir busca e apreensão na minha residência".
A prisão do ex-ministro ocorreu após denúncias de que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos atuavam como lobistas no Ministério da Educação (MEC). As acusações são de que os religiosos negociavam propina para conseguir acesso a recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Na última quinta-feira, Ailson Souto da Trindade, empresário do setor da construção civil, denunciou que uma propina de R$ 5 milhões relacionada às negociações deveria ser entregue em dinheiro vivo para ser transportada de Belém (PA) até Goiânia (GO) no pneu de um veículo. A declaração foi em entrevista exclusiva concedida ao Estadão.
Milton Ribeiro foi o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro e foi exonerado a pedido, no mês de março, após as denúncias a respeito da atuação de pastores no ministério.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.