Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que o percentual de candidaturas negras (ou seja, a soma de candidatos pretos e pardos ) nas eleições de 2022 é o maior registrado desde 2014, quando começou a autodeclaração de raça. Na corrida eleitoral deste ano, 49,49% dos candidatos se declararam negros. Em 2018, foram 46,5% e, em 2014, foram 44,24%.
Mesmo com a participação recorde , os candidatos que se declaram neste grupo receberam, até o momento, pouco mais de 25% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
As diferenças se apresentam significativamente entre as candidaturas proporcionais, como deputado federal, estadual e distritais.
Por exemplo, o União Brasil direcionou mais de 90% de recursos públicos para as campanhas de candidatos brancos, num montante de mais de 5,7 milhões de reais investidos. Yandra de André, candidata branca e filha do presidente regional do partido, recebeu 1,5 milhão, enquanto o candidato Jota Jota do Ronda da Notícia, negro, teve acesso a 10% do valor destinado à candidata - apenas a 150 mil.
Também se observou um desequilíbrio na distribuição de verbas entre partidos considerados de esquerda. No PT, por exemplo, pouco mais de 64% dos recursos do Fundo Eleitoral foram destinados a campanha de pessoas brancas. Essa discrepância só não foi constatada na Bahia, onde 75% dos recursos foram empenhados em candidaturas negras.
Pelas normas do TSE, os partidos são livres para definir os critérios de distribuição de recursos entre os candidatos. Entretanto, eles são obrigados a cumprir algumas determinações da legislação eleitoral, como destinar pelo menos 30% dos recursos para candidaturas femininas, além da observância da proporcionalidade de candidatas e candidatos autodeclarados negros.
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