O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira que os grandes empresários bolsonaristas que teriam defendido, em um grupo de Whatsapp, um eventual golpe de estado em caso de derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições são "suicidas". Toffoli disse que "atentar contra o Estado Democrático de direito é crime".
O comentário faz referência a supostas conversas do grupo de Whatsapp "Empresários & Política", do qual fariam parte grandes nomes da iniciativa privada, divulgadas nesta semana pelo portal Metrópoles. A reportagem em questão mostra diálogos com manifestações de teor golpista que teriam ocorrido entre empresários bolsonaristas como Luciano Hang, dono da Havan; José Isaac Peres, controlador da administradora de shoppings Multiplan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Koury, proprietário do Barra World Shopping; Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, dono da marca de roupas esportivas Mormaii.
"Em relação à ação desses empresários, atentar contra a democracia é tipo penal, é crime no nosso país, assim como é nos Estados Unidos e na Europa. Nos países democráticos, atentar contra o Estado Democrático de direito é crime. Estou falando em tese, e não no caso concreto", afirmou o ministro do Supremo a jornalistas.
"Se empresários divulgam esse tipo de posicionamento (a favor de um golpe de estado), eles são suicidas, porque não há dúvida nenhuma de que Estados Unidos, Europa e os países democráticos vão retaliar o Brasil economicamente. Investidores vão ir embora, vai gerar desemprego no nosso país, vai gerar saída de capitais, vai fazer com que os nossos capitalistas mandem dinheiro para fora, porque vai ter uma desvalorização brutal da nossa moeda. Isso é loucura ", ressaltou Dias Toffoli.
O ministro participou de um evento em São Paulo organizado pelo grupo Esfera Brasil, coletivo de empresários fundado por João Camargo. Também falaram à plateia de investidores e empresários o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro Fábio Faria (PP), das Comunicações.
Em seu discurso, Toffoli afirmou que não haverá, no Brasil, qualquer ruptura do sistema democrático. O ministro afirmou que as Forças Armadas "entenderam" que o regime militar foi mal sucedido.
"Se fircarmos nesse impasse da (violabilidade da) urna, vamos ficar alimentando ódios desnecessários. Também não adianta ficar discutindo (se) vai ter golpe ou não vai ter golpe. Não vai ter golpe, as nossas Forças Armadas são instituições que sabem muito bem o preço que elas pagaram quando ficaram no poder por muito tempo. (...) Quando resolverm ficar, viram que aquilo (a ditadura militar) foi um desestre para a nação brasileira", ressaltou o ministro.
Toffoli reafirmou em sua fala a segurança do sistema eleitoral. No palco do evento, estava ao lado de Lira, Pacheco e Nogueira.
"A gente tem que virar essa página, a urna é um exemplo, é segura. Todos os parlamentares aqui foram eleitos por ela. É uma perda de tempo ficarmos nessa discussão e eu sou favorável à transparência que tem sido dada", disse. No messmo evento, Lira havia dito que, apesar de confiar nas urnas eletrônicas, o sistema "pode ser aperfeiçoado".
Toffoli afirmou em seu discurso que "o TSE não decide eleição, quem decide eleição é o povo soberanamente", e foi aplaudido pelo público.
O ministro do STF também criticou indiretamente a operação Lava-Jato, ao dizer que houve criminalização da política e das empresas, o que gerou no Brasil, segundo ele, perda de empregos.
"Juiz não pode ter desejo. Se ele tiver desejo, que saia da magistratura e que vá fazer a disputa do voto", disse, em aparente crítica ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR). "Tem que se criar a inegibilidade por oito anos de membros da magistratura, do Ministério Público e das polícias, tanto civil quanto militar, para que não usem dos seus cargos para se fazer nacionalmente conhecidos, passando por cima da Constituição e das leis, para se tornarem heróis", completou Toffoli.
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