O isolamento da candidatura à Presidência do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que fracassou na tentativa de atrair o apoio de outros partidos, se refletiu na montagem dos palanques estaduais pedetistas. Nos dez estados onde a legenda lançou candidatos a governador, em apenas três conseguiu fechar alianças: Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro. Nos outros sete vai disputar em “chapas puras”, termo usado quando o vice é da mesma sigla, a exemplo do que ocorre na disputa nacional.
O cenário tem causado insatisfação entre integrantes do partido, que culpam o ex-ministro por romper pontes com seus ataques a adversários, em especial o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A avaliação de pedetistas ouvidos em caráter reservado pelo GLOBO é que a campanha não descobriu como furar a polarização entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram a corrida eleitoral, de acordo com as pesquisas. Como Ciro aparece estagnado numa faixa entre 7% e 8% das intenções de voto, há um receio entre seus correligionários que o desempenho fraco possa refletir nos estados — como ocorreu no caso das alianças.
Ofensiva do PT
Procurada, a campanha de Ciro atribui o isolamento do PDT nos estados a uma ofensiva do PT para atingir o pedetista. Os dois partidos em 2014 estavam juntos em 13 estados, mas desta vez vão subir no mesmo palanque em apenas três: Rio Grande do Norte, Amapá e Alagoas.
"É uma opção da estratégia da campanha de Ciro criar uma linha para poder chegar aos objetivos que deseja, e ele não vai deixar de obedecer ao que propõe a sua campanha por estar atrapalhando um estado ou outro que têm mais força de Lula", diz o deputado Wolney Queiroz (PDT-PE).
Na esperança de conseguir alguma aliança, Ciro esperou até o limite do prazo para escolher sua vice. Sem sucesso, optou por uma solução caseira e vai para a disputa ao lado de Ana Paula Matos (PDT).
O isolamento do PDT não se limita aos locais onde tem candidatos ao governo ou ao Senado. Em 17 dos 27 estados, o partido não está em nenhuma coligação. Na comparação com 2018, o cenário para Ciro era semelhante. O pedetista tinha apenas um partido aliado na disputa pelo Planalto, o Avante. No entanto, teve mais alianças regionais. Dos oito candidatos a governador naquele ano, apenas um entrou na disputa com uma chapa pura: São Paulo.
Candidato da sigla ao governo paulista neste ano, Elvis Cezar (PDT) atribui o isolamento ao fato de seus adversários possuírem padrinhos na disputa nacional que influenciam na montagem dos palanques locais.
"Isso limita um pouco as alianças. Mas, por outro lado, não é qualquer aliança que é válida. É melhor estar ao lado de quem está alinhado com as propostas", diz Elvis, que terá Gleides Sodré (PDT) como vice.
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