O PSDB aprovou neste sábado a candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de São Paulo. Apesar da pressão do União Brasil, os tucanos não bateram o martelo sobre quem ocupará a vice, decisão que deve ficar para o dia 5 de agosto, data-limite prevista em lei.
A vaga de vice na chapa de Garcia vem sendo disputada por dois partidos aliados, União Brasil e MDB. A sigla liderada por Luciano Bivar, pré-candidato à Presidência, que passou recentemente a negociar com o PT, argumenta que seu apoio quase dobra o tempo de televisão do governador paulista, motivo suficiente para garantir a vaga.
Já os emedebistas cobram de Garcia um acordo selado com o ex-prefeito Bruno Covas (morto em maio de 2021) para a escolha do nome, tarefa que agora caberia ao prefeito da capital, Ricardo Nunes. Não por acaso, o ex-secretário municipal de Saúde Edson Aparecido, que é um dos fundadores do PSDB, deixou o partido há três meses para ser vice do governador.
A situação tem desgastado a relação de Garcia com Nunes, que apesar disso marcou presença no evento deste sábado, realizado no Ginásio do Ibirapuera. A aliança com o chefe do Executivo municipal é tida como necessária para a disputa de votos na capital, onde o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) leva vantagem, avaliam aliados do governador de São Paulo.
Em discurso antes de Garcia subir ao palco, o prefeito Ricardo Nunes ressaltou a experiência do tucano na máquina administrativa e no Legislativo, afirmando que o governador é do "diálogo" e vai evitar que São Paulo se torne um "ringue" de luta.
A eleição polarizada no estado também pautou falas de dirigentes partidários, como Roberto Freire, presidente do Cidadania, Renata Abreu, do Podemos, e Baleia Rossi, do MDB.
"São Paulo não é para ser dirigido por cabo eleitoral. É para ser dirigido por quem tem raiz, compromisso e a capacidade administrativa", disse Freire.
Além de Nunes, também compareceram à convenção estadual tucana o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e o vice-presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O ex-governador João Doria (PSDB), de quem Garcia foi vice, não foi ao evento. Em nota enviada ontem à noite por sua assessoria de imprensa, Doria disse que está em viagem ao exterior, e por isso declinou do convite. Mas reafirmou a “confiança e apoio” na reeleição do aliado.
O governador chegou ao placo montado no estádio dirigindo seu fusca, ao som de um jingle sertanejo que repete a frase "paulista de raiz", mote de campanha em contraponto ao ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas, que não é nascido no estado.
Guinada à direita
Empatado em segundo lugar com o ex-ministro (candidato do Republicanos) na última pesquisa do Instituto Datafolha, de junho, Garcia tem se esforçado para conquistar o voto de eleitores da direita no estado, uma forma também de se descolar de Doria, cuja rejeição é alta.
Para isso, o governador de São Paulo ampliou alianças com partidos ligados nacionalmente ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como PP, Patriotas e parte do PL, e investiu em medidas voltadas para os policiais. A mais recente, um decreto que obriga a Defensoria Pública a oferecer assistência jurídica gratuita aos profissionais.
Garcia também tem flertado com o agronegócio, outra classe ligada ao bolsonarismo: o agro. Na última quinta-feira, ele foi a Presidente Prudente para regulamentar uma lei que permite a transferência de terras do estado a produtores rurais.