O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá à convenção nacional do PSB, partido do seu vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, marcada para esta sexta-feira em Brasília. Ao confirmar presença, Lula faz um gesto político para prestigiar a legenda mais importante do seu palanque, em meio a desentendimentos entre PT e PSB em alguns estados, como o Rio. Lula não compareceu sequer à convenção do seu próprio partido, na semana passada.
O evento desta semana deverá reunir aproximadamente 400 pessoas, e vai oficializar a indicação de Alckmin à chapa presidencial. Além disso, servirá para reforçar a parceria entre Lula e o ex-governador. Na ocasião, também serão captadas imagens da dupla que serão usadas durante a campanha, que começará de fato no próximo dia 16.
De acordo com o ex-governador do Piauí e um dos coordenadores da campanha de Lula, Wellington Dias (PT-PI) ajudará a consolidar o recado de que os dois ex-adversários históricos estarão juntos em 2022. Em 2006, Lula venceu a disputa pelo Palácio do Planalto ao derrotar no segundo turno o seu atual parceiro, à época filiado ao PSDB.
"O entendimento para a chapa Lula e Geraldo Alckmin é o maior gesto de grandeza de dois líderes políticos brasileiros. Estiveram em campos opostos durante várias eleições", afirma Dias.
O PSB também convidou para o evento a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, assim como os caciques das demais legendas que compõem a coligação — PCdoB, PV, Solidariedade e Rede. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, reconhece o gesto de Lula como uma sinalização importante:
"O PSB se sente prestigiado com essa deferência, é o momento de formalizar a aliança. É importante que ela esteja presente, afinal de contas, é o evento que irá oficializar o companheiro de chapa dele", diz Siqueira.
A ida do petista ao evento do PSB se dará uma semana depois de o ex-presidente ter percorrido três cidades de Pernambuco de mãos dadas com Danilo Cabral (PSB-PE), candidato da aliança PT e PSB ao governo local, e de ter declarado apoio a ele. No estado, a hegemonia de 16 anos do PSB está sendo ameaçada por Marília Arraes, do Solidariedade. Ex-integrante do PT e do PSB, ela lidera as pesquisas na corrida pelo Palácio das Princesas.
Em outra unidade da federação estratégica para a aliança, o Rio, o movimento de Lula foi no sentido inverso. Ele gravou um vídeo em que deixa claro que apoiará o candidato do PT ao Senado, o deputado estadual André Ciciliano, e não o deputado federal do PSB Alessandro Molon, que pretende disputar o mesmo cargo. A disputa se tornou uma crise recentemente.
O PT do Rio chegou a ameaçar sair do palanque de Marcelo Freixo, candidato do PSB ao governo do estado, com quem Lula e o PT já haviam se comprometido em apoiar. Diante da insistência da Molon em se manter no páreo pelo Senado, o PT cogitou adiar a convenção em que formalizaria a aliança local com Freixo.
Na avaliação de Siqueira, o melhor caminho é separar a coligação nacional das alianças estaduais, especialmente porque o PSB já sacramentou caminhadas em palanques distintos do PT em estados como Paraná, Tocantins, Paraíba e Rio Grande do Norte.
"Os nossos projetos para governador e senador são localizados nos estados e nem sempre estão harmonizados com o PT, de maneira que uma coisa é a coligação nacional, enquanto as estaduais tem vida própria. Quando for possível, estaremos juntos, mas em vários estados não estaremos."
Um dia antes da convenção, na quinta, Alckmin e a esposa, Lu Alckmin, serão recepcionados em um jantar organizado por Siqueira e Márcio França, nome do PSB na disputa pelo Senado em São Paulo. A recepção, no Lago Sul, área nobre de Brasília, servirá para Alckmin conhecer os presidentes de todos os diretórios estaduais do PSB, verificar a situação dos palanques regionais e fazer fotos de campanha. No evento, o vice de Lula também será homenageado pela sigla.
Após a aprovação oficial da chapa Lula-Alckmin em convenção, o ex-governador de São Paulo dará início a uma série de agendas solo. Na definição de Siqueira, Alckmin cumprirá as funções atribuídas a ele pelo cabeça da chapa. Conforme O Globo adiantou, estão previstas viagens a partir de agosto com empresários do agronegócio e setores empresariais em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins. Caberá a Alckmin a tentativa de quebrar resistências onde o petista tem maior rejeição.
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