Após uma ala do MDB ampliar a pressão para a retirada da candidatura presidencial da senadora Simone Tebet (MS), aliados voltaram a insuflar a hipótese de uma eventual candidatura do ex-presidente Michel Temer ao Palácio do Planalto.
Conforme mostrou a coluna de Lauro Jardim, embora a chance dessa articulação prosperar seja mínima, o prestígio de Temer entre os empresários e parte da classe política é alto, de fato, por causa das reformas que foram feitas em seu governo.
Na terça-feira, o ex-presidente recebeu em seu escritório o grupo de caciques do MDB que apoiam o ex-presidente Lula e atendeu o apelo deles de pedir o adiamento da convenção da sigla, que está prevista para o dia 27 e deve homologar a senadora como candidata a presidente. A estratégia do grupo pró-Lula é ganhar tempo para rifar Tebet.
Embora Temer negue oficialmente a possibilidade de candidatura, assessores próximos citam sua "experiência" e "capacidade de conciliação" e dizem que alguns setores da sociedade o veem com mais capacidade de furar a polarização do que a senadora. Eles argumentam que o líder emedebista já é conhecido nacionalmente, enquanto Tebet corre o país para apresentar seu nome.
Refutam até mesmo o problema de sua impopularidade na presidência. Temer deixou o cargo em dezembro de 2018 com apenas 7% de aprovação, segundo o instituto Datafolha. Ainda assim, pessoas próximas dizem que ele melhorou sua imagem após o episódio do dia 7 de setembro de 2021, quando conseguiu atuar como bombeiro em meio a um conflito entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Bolsonaro flertou com ameaças de ruptura institucional.
Para o entorno de Temer, o episódio poderia ser ressuscitado para catapultá-lo com o mote de "pacificador" em meio ao clima de beligerância política no país.
Assessores do ex-presidente dizem que ele só toparia a possibilidade de uma candidatura caso recebesse apoio de outros nomes de centro como a própria Tebet, além do apresentador Luciano Huck, do ex-governador João Doria (PSDB) e de Gilberto Kassab, que é presidente nacional do PSD. Kassab, no entanto, tem defendido que sua sigla opte pela neutralidade nas eleições e deve levar essa proposta à convenção. Com isso, os diretórios do PSD nos estados poderiam se alinhar ao ex-presidente Lula ou ao presidente Jair Bolsonaro, a depender das circunstâncias locais.
Em conversas internas, Temer reconhece as dificuldades da candidatura de Tebet e demonstra desânimo com a falta de apoio ao nome da senadora no MDB e com a terceira via.
O ex-presidente tem dito que aos poucos a história tem reconhecido os feitos de sua gestão de forma "extraordinária". Ainda assim, afirma que uma candidatura sua só seria viável se houvesse um chamamento e a unidade de segmentos de centro, o que hoje, em suas palavras cuidadosamente escolhidas, "não há".
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