Na esteira do ano eleitoral, deputados federais turbinaram os gastos com a divulgação dos próprios mandatos. De janeiro a maio, R$ 27,2 milhões foram direcionados para a propaganda, valor 20% superior ao do mesmo período do ano passado, quando foram desembolsados R$ 22,7 milhões, em valores já corrigidos pela inflação.
Desde o início do mandato, em janeiro de 2019, este foi o maior montante gasto em divulgação da atividade parlamentar no período analisado. Em 2020, foram R$ 18,97 milhões, quantia 30% menor, e no primeiro ano, 2019, R$ 17,88 milhões, 34% a menos que em 2022.
Os dados constam no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, e a despesa com anúncios em rádios locais, panfletos e folders é paga com a cota parlamentar, cujo valor máximo varia de R$ 44.632 a R$ 30.788 por mês, dependendo do estado.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para os deputados que vão concorrer ao pleito — caso dos dez que mais usaram os recursos —, as despesas podem ocorrer até 120 dias antes do primeiro turno, que ocorre em 2 de outubro, ou seja, o prazo expirou no início de junho.
Dos 513 representantes eleitos, 51 gastaram mais de R$ 100 mil em publicidade no período analisado. As primeiras do ranking foram, respectivamente, Jééssica Sales e Mara Rocha, apostas do MDB no Acre: a primeira, pré-candidata ao Senado, pagou R$ 213,5 mil em fotografia, material publicitário e divulgação em rádios e sites.
A maior parte do que recebeu da cota no período foi para se promover. Em janeiro, por exemplo, dos R$ 36,5 mil recebidos por Jéssica, R$ 36,1 mil foram para publicidade.
A parlamentar ressalta que os gastos são legais e que são justificados pela grande atividade política que exerce:
"Tenho muito o que mostrar a respeito das várias ações e atividades parlamentares em prol da população acreana. Continuarei a divulgar e a prestar contas à população."
Pagamentos a sites
Colega de bancada e pré-candidata ao governo do estado, Mara Rocha investiu 78% dos gastos totais com a cota parlamentar em autopromoção. Dos R$ 230,9 mil utilizados, R$ 183,9 mil foram para as contratações publicitárias. Em fevereiro, ela pagou R$ 8,6 mil para um site publicar material sobre seu mandato.
Buscando a reeleição, Nelson Barbudo (PL-MT), terceiro parlamentar que mais usou a cota (R$ 175 mil), pagou R$ 30 mil para que sites do estado publicassem suas ações.
Procurados, Mara Rocha e Nelson Barbudo não se manifestaram.
Na ala dos que menos gastaram, quem aparece à frente é Norma Ayub (PP-ES), com R$ 50 direcionados para o impulsionamento de publicações em redes sociais. Em segundo lugar, vem o deputado Lucas Redecker (PSDB- RS), que hospedou um website por R$ 290. Ao GLOBO, a parlamentar disse que usou os recursos com “bom senso”.
"Tenho feito a divulgação de forma orgânica nas minhas redes e em debate direto com as comunidades. Procuro eliminar despesas que não tragam resultado prático", resumiu Norma Ayub.
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