O ex-juiz da operação Lava-Jato e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro (União-PR) , planeja convocar uma coletiva na próxima semana para anunciar a qual cargo concorrerá nas eleições de outubro. Aliados afirmam que ele deve disputar o Senado.
Moro tem tido uma agenda pelo Paraná digna de candidato ao Senado — cargo majoritário para o qual uma boa votação pelo estado é considerada primordial, ao contrário de disputas para a Câmara dos Deputados, que se focam em redutos. Na quinta-feira, ele esteve em Cascavel. Nesta sexta, em Foz do Iguaçu. Semana que vem ele deve viajar a Pato Branco.
A coalizão da qual o União Brasil no Paraná faz parte, no entanto, pode colocar obstáculos para a candidatura de Moro ao Senado. Seu partido apoia a reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD) e tem bolsonaristas no comando do diretório estadual, presidido pelo deputado federal Felipe Francischini.
Felipe é apoiador de Bolsonaro e filho do deputado estadual Fernando Francischini (União), cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgar notícias falsas nas eleições de 2018. Felipe vinha articulando apoio à reeleição do atual governador, Ratinho Júnior, que também é aliado do presidente da República.
O problema para Moro é que a vaga ao Senado na chapa de Ratinho Júnior é disputada por outras lideranças. O Podemos negocia apoio do governador à candidatura do senador Álvaro Dias, um dos responsáveis pela vinda de Moro para a política. E o PL reivindica a mesma vaga para o deputado federal Paulo Eduardo Martins, como uma contrapartida ao apoio formal de Bolsonaro.
Aliados de Moro lembram que uma saída pode se dar por meio de uma decisão recente da Justiça. O TSE decidiu que partidos de uma mesma coligação podem lançar mais de um candidato ao Senado.
É o caso da chapa PT-PSB no Rio, que lançou como pré-candidatos a senador o deputado Alessandro Molon (PSB) e o presidente da Alerj, André Cecilliano (PT). Há casos parecidos também em Minas Gerais, Goiás, Pará, Roraima e Mato Grosso.
O histórico pesa contra Moro. Após retornar dos Estados Unidos e anunciar sua pré-candidatura à Presidência pelo Podemos, o ex-juiz já trocou de partido e de ambições. Ao se filiar ao União Brasil, viu uma ala do partido, contrária à sua chegada, fechar-lhe as portas para o projeto presidencial.
Ele cogitou se lançar à Câmara e ao Senado por São Paulo, até que teve a transferência de seu domicílio eleitoral negada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) no início de junho. Teve então de voltar ao Paraná, enquanto a esposa, Rosângela, permaneceu em terras paulistas, onde deve disputar uma vaga de deputada federal.
Isto é, mesmo que seja anunciada a pretensão de disputar o Senado, os planos podem mudar. Isso porque candidaturas eleitorais só são oficializadas durante o período das convenções partidárias (20 de julho até 5 de agosto). Até lá, Moro e todos os outros postulantes nestas eleições continuarão pré-candidatos a seus pretensos cargos.
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