O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou nesta terça-feira para o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. O requerimento conta com a assinatura de 30 senadores, duas a mais do que a necessária. De última hora, ele conseguiu o apoio de mais dois senadores: Marcelo Castro (MDB-PI) e Confúcio Moura (MDB-GO). Ele afirma que tem promessas para chegar a 34 apoios, uma margem sobre as 27 assinaturas mínimas necessárias.Com o pedido protocolado à presidência do Senado, cabe agora ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), instale a comissão.
O GLOBO apurou que a tendência do senador é dar prosseguimento ao colegiado, afim de evitar o que aconteceu no ano passado, quando foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a abrir a CPI da Covid após segurar a abertura por meses. Randolfe anunciou que tinha o número necessário de assinaturas na semana passada, mas disse que só protocolaria o pedido nesta terça-feira. O objetivo do líder da oposição era conseguir o apoio de mais senadores e blindar o pedido de CPI da ofensiva da base governista no Senado, que atua para reverter o aval de alguns senadores que assinaram o requerimento.
O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e coordenador da campanha de reeleição do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi convocado para reforçar o trabalho dos aliados do Planalto para barrar a CPI. Em abril, quando as primeiras denúncias de irregularidades no MEC vieram à tona, a oposição tentou avançar com o pedido de abertura da CPI, mas seus esforços foram atrapalhados pela base governista, que conseguiu retirar assinaturas do requerimento. O caso, porém, ganhou mais força na semana passada, após Milton Ribeiro ser alvo de uma operação da Polícia Federal.
Conversas do ex-ministro interceptadas pela PF indicaram que Bolsonaro pode ter avisado Ribeiro da operação. Em uma ligação à filha, o ex-ministro diz que o presidente tinha um "pressentimento" de que poderia haver um mandado de busca e apreensão contra Ribeiro. Em outro áudio, a mulher do ex-ministro, Myrian Ribeiro, conta que ele já estava sabendo da operação. A conversa foi gravada no dia da prisão de Ribeiro.
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