Investigado pelo Conselho de Ética da Câmara do Rio, o vereador Gabriel Monteiro criou uma espécie de TV por assinatura própria para continuar a faturar na internet com os vídeos que produz. A iniciativa foi tomada depois que houve um movimento nas redes sociais para que marcas de grandes empresas deixassem de monetizar o conteúdo do ex-PM e youtuber.
Relator do processo que corre no Conselho de Ética, Chico Alencar (PSOL) afirma que, apesar de a Câmara ter aprovado uma emenda à Lei Orgânica proibindo a monetização de vídeos com base na atividade parlamentar, uma das produções de Monteiro mostra uma fiscalização em uma unidade de saúde na condição de vereador.
A "Gabriel Monteiro TV" oferece três alternativas de assinatura, a partir de contribuições que podem variar de R$ 30 a R$ 1 mil por mês, segundo informações disponíveis no site do serviço. Nesta quinta-feira, ao depor por cerca de três horas ao Conselho de Ética, Monteiro foi questionado sobre a natureza da página, mas preferiu permanecer calado sobre o tema.
"Ele não respondeu, orientado por advogados, sobre a "Gabriel Monteiro TV". Mas um dos vídeos traz o Gabriel em uma unidade de Saúde, mostrando sua atuação", disse Chico Alencar, admitindo, porém, que o site não faz parte das peças do processo, embora possa compor o contexto final que vai se basear o relatório do Conselho.
O relator lembrou que a investigação não toma como base o Código Penal, e sim uma infração ético-disciplinar a partir da conduta de Gabriel em parte de seus vídeos. São alvos do Conselho três gravações envolvendo menores de idade: uma com uma menina que vendia balas no sinal; outra em que o vereador leva uma criança para cortar o cabelo; e as imagens de sexo com uma adolescente, que vazaram e viralizaram na internet.
No mesmo depoimento prestado nesta quinta, segundo Chico Alencar, Monteiro alegou que gravava as relações sexuais que mantinha para comprovar que eram consensuais e evitar acusações de estupro. Após ser ouvido no Conselho de Ética, o vereador deixou a Casa sem dar declarações.
"Ele disse que filmava as relações íntimas e consensuais para se precaver sobre possíveis denúncias de estupro. E não via problema ético por (ser algo para) autoproteção", afirmou Chico Alencar ao término da sessão.
No depoimento, Gabriel Monteiro reiterou que desconhecia que a adolescente com quem mantém relações sexuais em um vídeo que viralizou na Internet era menor. Segundo ele, a garota teria mentido a própria idade.
Ao todo, doze testemunhas foram ouvidas, sendo oito pela acusação e quatro pela defesa. A previsão é que o caso chegue ao plenário, que pode decidir ou não pela cassação do mandato, em meados de agosto.
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