O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, um dos alvos da operação "Acesso Pago", que investiga um esquema de corrupção envolvendo pastores no Ministério da Educação, acumulou polêmicas durante sua passagem pela pasta.
O iG listou alguns momentos do ex-ministro, em episódios que misturam frases sobre educação, tratamento ineficaz contra covid-19, entre outros. Veja.
'Famílias desajustadas'
Sobre a importância da educação sexual em salas de aula, Ribeiro utilizou o termo "homossexualismo", considerado preconceituoso e que já não é mais utilizado pelo fato da homossexualidade não ser considerada uma doença, para afirmar que jovens com diferentes orientações sexuais vem de "famílias desajustadas".
Ele disse que é importante mostrar que "há tolerancia", mas que "o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo" vêm, algumas vezes, "de famílias desajustadas".
"Quando o menino tiver 17, 18 anos, vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você tem como adulto de ser homossexual, eu respeito, mas não concordo", disse. "É claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião."
'Reservas' a professores trans
Na mesma entrevista, publicada pelo jornal 'O Estado de S. Paulo', ele afirmou que professores trans que atuam na rede de ensino não podem incentivar os alunos a "andarem por esse caminho". "Tenho certas reservas", completou.
Tratamento "precoce" contra covid-19
Seguindo a cartilha ditada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, após contrair covid-19, o ex-ministro fez propaganda do "kit covid", composto por medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e cloroquina.
Ele disse ter sentido a "diferença para melhor de um dia para outro". Vale reforçar que o kit não tem eficácia comprovada contra a doença, e seu uso indiscriminado pode causar outros problemas de saúde, como insuficiência renal.
Enem
Em 2021, ele criticou o conteúdo abordado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), citando questões que abordavam as diferenças salariais entre Neymar e Marta, e o pajubá, dialeto de gaus e travestis. Ele manifestou a intenção de acessar o conteúdo do exame antes da aplicação para evitar "questões de cunho ideológico".
Em novembro do mesmo ano, 37 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, entregaram seus cargos alegando "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima", alegando também assédio moral. Outros servidores apontavam uma tentativa de interferência na elaboração da prova, com ações que iam de pressão psicológica a vigilância contra questões que tinham potencial para irritar o governo Bolsonaro. O presidente do Inep, Danilo Dupas, negou. O TCU investiga o caso.
Ensino superior 'para poucos'
Para Milton Ribeiro, o acesso ao ensino superior não deveria ser universalizado, como defendem especialistas. Em entrevista à TV Brasil, ele disse que "universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade". O foco dos estudantes deveria ser, na opinião do ex-ministro, o ensino técnico.
"Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande."
Crianças com deficiência "atrapalham" aprendizagem
Ainda à TV Brasil, ele disse que a inclusão de crianças com deficiência em salas de aula comuns "atrapalhava" a aprendizagem dos outros alunos. Para ele, a criança "não aprendia".
"No passado, primeiro, não se falava em atenção ao deficiente. Simples assim. Eles fiquem aí e nós vamos viver a nossa vida aqui. Aí depois esse foi um programa que caiu para um outro extremo, o inclusivismo. O que que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava, entre aspas, essa palavra falo com muito cuidado, ela atrapalhava o aprendizado dos outros porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial. E assim foi", disse.
"Eu ouvi a pretensão dessa secretaria e faço alguma coisa diferente para a escola pública. Eu monto sala com recursos e deixo a opção de matrícula da criança com deficiência à família e aos pais. Tiro do governo e deixo com os pais", completou.
Diante da repercussão negativa, ele tentou colocar panos quentes na situação, mas novamente utilizou termos ofensivos.
"Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo 'inclusivismo', nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam".
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