A pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumirá o compromisso de alcançar o desmatamento líquido zero. A meta, considerada ousada, foi incluída nesta terça-feira no texto das diretrizes para elaboração do programa de governo por iniciativa da Rede, do PV e do PSOL . Em reunião, os partidos finalizaram as mudanças de conteúdo do documento.
O desmatamento líquido leva em consideração o saldo entre a vegetação derrubada e as áreas reflorestadas. A primeira versão das diretrizes, elaborada pela Fundação Perseu Abramo, o braço teórico do PT, falava que era "imperativo defender a Amazônia da política de devastação posta em prática pelo atual governo". Exaltava também que nos governos petistas houve redução de "quase 80% o desmatamento da Amazônia", mas sem referência a novas metas.
"Ficou uma diretriz muito forte de combate ao desmatamento ilegal. Inclusive nos discutimos, isso não vai entrar na diretriz mas será detalhado no programa, analisar a constituição de uma força nacional de combate aos crimes ambientais. Já há um compromisso de todos", afirmou Pedro Ivo Batista, representante da Rede Sustentabilidade, o partido da ex-ministra Marina Silva.
Marina foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula e deixou o posto em 2008 por enfrentar problemas para manter as políticas de preservação que havia implantado. Foi sob sua gestão que o governo criou o programa de combate ao desmatamento na Amazônia que resultou na redução dos índices de derrubada da floresta.
Apesar de a Rede fazer parte da aliança em torno de Lula, Marina ainda não declarou apoio ao petista. Ele tem afirmado que gostaria de fazer uma discussão programática para definir o seu posicionamento na disputa presidencial.
Os sete partidos (PT, PCdoB, PV, PSB, Solidariedade, PV e PSOL) que apoiam a chapa formada por Lula e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) terminaram nesta terça-feira a análise de 124 emendas apresentadas ao texto-base original do programa de governo.
Na sexta-feira, haverá outra reunião para aprovar a redação da nova versão. Depois disso, o documento será encaminhado para a análise de Lula e Alckmin. A expectativa é que o texto final seja apresentado na próxima terça-feira em um evento, em São Paulo. A partir daí, será criada uma plataforma online para receber sugestões da sociedade.
Reportagem do GLOBO mostrou que os partidos haviam aprovado na segunda-feira uma mudança para incluir a valorização dos policiais como um dos pontos das propostas para a área de segurança pública. Também foi acertado que não haverá mais uma menção à “revogação” completa da reforma trabalhista feita no governo Michel Temer. A nova redação seguirá o documento elaborado este ano pela conferência de nove centrais sindicais, o Conclat, que fala em “revogar os marcos regressivos” da legislação trabalhista.
A divulgação da versão inicial das diretrizes do programa de governo no começo da semana passada, sem a inclusão das emendas, provocou mal-estar entre os demais partidos. Mas segundo os integrantes das siglas que formam o grupo coordenado pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, o problema foi contornado e há consenso em relação às propostas apresentadas. Mercadante diz que foi fechado "um amplo acordo sobre todos os itens das diretrizes do plano de governo da chapa Lula-Alckmin".
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