O anúncio do governo de medidas para reduzir o valor dos combustíveis, na noite desta segunda-feira, contou com a presença de um personagem que por algum tempo o Palácio do Planalto tentou evitar. Mesmo sem cargo no governo, o advogado Frederick Wassef, que defende a família do presidente Jair Bolsonaro, acompanhou o pronunciamento oficial ao lado das autoridades e chegou a se posicionar no espaço reservado aos ministros de Estados e presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Depois, porém, acompanhou as declarações junto a assessores.
Mais cedo, pouco antes do evento, Bolsonaro se reuniu com os ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Célio Faria (Secretaria de Governo) para alinhar as medidas anunciadas. O GLOBO procurou o Palácio do Planalto para saber se Wassef participou da reunião, mas não teve retorno até a publicação da notícia. Também questionado, o advogado tampouco respondeu.
Em 2020, Fabrício Queiroz, pivô das investigações da "rachadinha", foi preso em uma casa pertencente a Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo, causando um embaraço ao presidente, que tentava se afastar do caso envolvendo o ex-assessor.
Wassef defendia o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na investigação que apurava um suposto esquema de desvio de recursos do gabinete do filho do presidente quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
Depois do episódio, Wassef chegou a anunciar que se afastaria da defesa do senador, mas recuou e no ano passado disse que, na verdade, nunca deixou de atuar em favor do filho do presidente. Após a prisão de Queiroz, em junho de 2020, Bolsonaro também foi aconselhado por assessores a se afastar do advogado para evitar a repercussão negativa que o episódio envolvendo o ex-assessor representava.
No mês passado, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) decidiu arquivar a denúncia contra Flávio. A decisão do Órgão Especial do TJ atendeu por unanimidade o pedido do Ministério Público do Rio, por meio do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, e é consequência da anulação das provas, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que embasaram a acusação.
Com quem conversa, Wassef faz questão de mostrar a proximidade com a família Bolsonaro. Ele também se apresenta como advogado do próprio presidente no caso da facada que recebeu de Adélio Bispo durante a campanha eleitoral de 2018 e se tornou um frequentador habitual do Palácio do Planalto, onde Bolsonaro trabalha, e do Palácio da Alvorada, residência oficial.
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