As dificuldades em montar alianças e as dissidências dentro do próprio partido se refletem na agenda do pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. O ex-ministro tem passado a maior parte do tempo no Ceará, onde mora, e priorizado a presença nas redes sociais, com transmissões semanais ao vivo pelo seu canal no YouTube. Apesar da aproximação do período oficial de campanha, são poucos os compromissos em que o pedetista comparece de forma presencial.
Um dos últimos foi em Curitiba, no início do mês passado, quando prestigiou a filiação ao PDT do ex-deputado Ricardo Gomyde. Ao retornar para casa, foi diagnosticado com Covid-19, o que contribuiu para aumentar seu isolamento, desta vez por razões sanitárias. Por causa da doença, cancelou visitas que pretendia fazer ao Rio de Janeiro, ao Rio Grande do Sul, a Minas Gerais e à Bahia. Só retomou a agenda no dia 27, ao viajar a São Paulo.
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No fim de semana passado, esteve em um evento de futebol de várzea no Grajaú, na zona sul de São Paulo, e se encontrou com lideranças comunitárias de Cidade de Tiradentes, no extremo leste da cidade. Na quarta-feira, o pedetista vai o Rio Grande do Sul, onde lançará a pré-candidatura do ex-deputado Vieira da Cunha ao governo do estado. Das demais viagens que estavam planejadas antes de Ciro contrair o coronavírus, apenas a Bahia continua na agenda — entre os dias 1 e 3 de julho.
"As viagens estão sendo definidas a cada semana", afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que nega relação do arrefecimento na agenda do pré-candidato com a dificuldade em formar alianças.
Estrutura enxuta
O pedetista aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Lula (PT), em primeiro, e do atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL). Pré-candidatos do PDT têm sido alvo de ofensivas de petistas para que abandonem a candidatura de Ciro em favor de Lula. Um dos assediados é o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, que pretende disputar o governo do Rio. Auxiliares do ex-ministro avaliam que uma visita ao estado, terceiro maior colégio eleitoral do país, poderia demonstrar que ele continua no páreo, mas não há previsão para que isso aconteça.
Já em Minas, segundo maior colégio eleitoral, Ciro apostava em uma aliança com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), de quem é amigo. Mas o apoio foi inviabilizado após o mineiro fechar com Lula. Sem um palanque definido no estado, também não há viagem prevista.
A agenda restrita também é resultado da estrutura enxuta fornecida pelo partido, que não conta, por exemplo, com voos particulares nem com uma equipe de segurança que o acompanhe. Lupi afirma que Ciro deve passar a contar com mais recursos apenas a partir de agosto, quando começar oficialmente a campanha e o partido puder acessar os R$ 248 milhões a que tem direito do fundo eleitoral.
"Por causa disso, as agendas ficam até apertadas, porque dependem dos horários dos voos. A gente não está fazendo isso de buscá-lo no aeroporto, até porque nossos militantes, a “turma boa”, são todos voluntários, todos trabalham ou estudam", diz Antonio Neto, vice-presidente do PDT em São Paulo.