Tarcísio diz que ataques de Bolsonaro ao STF são formas de 'defesa'
Ex-ministro da Infraestrutura chamou indulto dado ao deputado Daniel Silveira, condenado pela Corte, de "remédio constitucional"
Ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas afirmou nesta quinta-feira que as ofensivas do presidente Jair Bolsonaro contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o sistema eleitoral são, na verdade, "defesa" interpretada como ataques. Ele chamou o indulto dado ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) de "remédio constitucional".
Tarcísio havia sido perguntado, durante sabatina promovida pela "Folha de S.Paulo" e pelo portal "UOL", se concordava com as declarações do presidente contra o Supremo. Nos últimos dias, Bolsonaro participou de manifestação em Brasília com presença de mensagens e faixas pedindo intervenção militar e com ataques à Corte, e solenidade no Palácio do Planalto em apoio a Silveira, condenado à prisão pelo Tribunal.
"Muitas vezes ele se defende, e aí às vezes a defesa é considerada um ataque. Muita gente criticou o presidente pela graça concedida ao Daniel Silveira. E o que ele fez? Nada mais do que usar um remédio constitucional, outorgado ao presidente da República", declarou.
Tarcísio se referiu ao decreto editado pelo presidente concedendo indulto a Silveira , condenado a oito anos e nove meses de prisão , além da perda do mandato e dos direitos políticos, por ameaças e incitação à violência contra ministros do STF. Encarada como uma afronta inédita, a decisão levou a uma escalada na crise entre Executivo e Judiciário. Mesmo assim, o ex-ministro disse não ver anormalidade nesse episódio.
"Eu entendo que acirramentos na democracia são comuns. Tem momentos de estressamento, de maior tensão, e logo depois tem um período de volta à calma, ao diálogo. Faz parte da essência democrática. Entendo que a gente tem que respeitar a harmonia e a independência dos Poderes, e isso tem que ser praticado e exercido por todos. Cada um tem o seu papel."
"Motociatas não são atos políticos"
Questionado sobre a razoabilidade de se realizar eventos como a chamada "motociata", passeio de moto que o presidente da República costuma fazer com seus apoiadores e que trava estradas , por terem alto custo e serem "puramente políticos", Tarcísio as justificou dizendo que Bolsonaro não as promovia, mas que era convidado para os atos.
A última "motociata" foi realizada em São Paulo em 15 de abril , bloqueou uma das principais estradas de ligação entre a capital e o interior, a rodovia dos Bandeirantes, e custou R$ 1 milhão aos cofres públicos. Tarcísio participou do evento ao lado do presidente.
"Não entendo que seja um ato político, é um ato espontâneo. O presidente da República não promoveu, foi convidado. Tem obviamente o custo da segurança que envolve o presidente, gera algum transtorno. Mas é o ônus da democracia, quando se promovem eventos, manifestações espontâneas, o direito de se manifestar."