Áudio vazado de Bruno Araújo causou racha com Doria
Presidente do PSDB foi substituído da coordenação da campanha após ex-governador saber dos diálogos que 'relativizavam as prévias'
Áudios vazados de uma conversa do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, com empresários em São Paulo chegaram ao conhecimento do ex-governador João Doria e provocaram mais uma crise no partido, na última sexta-feira. Nos diálogos, Araújo afirmou que o pacto entre os partidos de centro para viabilizar a terceira via estão acima das prévias presidenciais do PSDB, cujo vencedor foi Doria.
O conteúdo da gravação foi interpretado por Doria como uma espécie de "traição", já que abria margem para sua substituição pelo ex-governador Eduardo Leite na disputa ao Palácio do Planalto. Após tomar conhecimento das declarações, Doria demitiu Araújo da coordenação de sua pré-campanha que agora está sob a batuta de Marco Vinholi, que é presidente estadual do PSDB.
— João Doria venceu as prévias e é o pré-candidato. No momento que fazemos um pacto e João Doria disse ‘eu topo’, nossas prévias estão contidas dentro de um acordo. O contrato estabelecido é com essa coligação e é maior do que as prévias do PSDB — disse Araújo num dos trechos da conversa que foram repassados ao GLOBO.
Em outra parte do diálogo, Araújo ainda deixou claro não iria “operar” para que o presidenciável da coligação que lançará uma candidatura única no próximo dia 18 de maio seja da sigla.
— Quando fizemos um pacto de convenção, os problemas ficaram para trás. Nem João Doria pode ser candidato de si mesmo, nem outro partido pode não se conformar da gente ter feito outro tipo de escolha dentro de um consenso — afirmou o presidente tucano.
Após o episódio, Araújo foi alvo de críticas nas redes sociais e até de tuitaços de perfis de apoiadores de Doria. Para aliados, o presidente tucano queria impedir a candidatura do paulista e adotava postura antidemocrática ao "relativizar" as prévias. O entorno de Araújo atribuiu a ação ao uso de robôs.
Nos últimos dias, porém, Araújo tem atuado para pacificar a crise e já voltou a ter contatos com Doria, embora a relação siga estremecida.
Leite perdeu as prévias para Doria, mas tenta correr por fora para se viabilizar como terceira via e busca apoio dos partidos de centro (MDB e União Brasil) que pretende lançar uma candidatura única com o PSDB até o próximo dia 18 de maio.
Apoiadores de Doria entendem que o estatuto tucano veda a participação de Leite na disputa presidencial e que sua participação seria uma manobra e golpe interno. O grupo do gaúcho, porém, argumenta que a manobra possível, uma vez que os demais partidos da aliança não estão submetidos ao regramento do PSDB.
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