Retrospectiva 2021: Eleição de Lira marca nova relação com Bolsonaro
Presidente da República vivia embates com Rodrigo Maia e hoje tem governo amparado por Arthur Lira
A eleição de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro deste ano marcou o início de um novo relacionamento entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a liderança da Casa Legislativa.
Anteriormente, a Casa era comandada pelo deputado federal Rodrigo Maia (sem partido-RJ), que protagonizou uma série de embates contra Bolsonaro. Por exemplo, em abril de 2020, o chefe do Executivo acusou Maia de conspirar contra ele. "Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado", declarou, ao criticar a aprovação de um projeto de socorros aos estados durante a pandemia.
Outro exemplo é de um ano antes, em março de 2019, quando Maia disse que Bolsonaro brincava de ser presidente. "São 12 milhões de desempregados, 15 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza e o presidente brincando de presidir o Brasil", criticou, ao comentar as dificuldades para aprovação da reforma da Previdência, que enfim passou na casa em julho daquele ano.
Os dois fizeram mútuos ataques como esses durante o período concomitante em que estiveram no comando dos poderes Executivo e Legislativo. Ou seja, de janeiro de 2019 a janeiro deste ano.
Então, quando Lira, apoiado pelo governo, venceu a eleição interna, o relacionamento entre os poderes deixou de ser marcado por embates para ter o Centrão cada vez mais presente na estrutura do Executivo. Uma minirreforma ministerial levou a deputada de primeiro mandato, Flávia Arruda (PL-DF), à Secretaria de Governo, pasta que trata sobre liberação de emendas e cargos. Meses depois, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), correligionário de Lira, se licenciou do cargo no Congresso para atuar como ministro-chefe da Casa Civil
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Pedidos de impeachment
O que não mudou a partir do novo comando na Câmara dos Deputados foi a postura diante dos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Apesar dos discursos inflamados contra o presidente da República, Maia ignorou todos os pleitos. Em junho, após deixar o cargo, ele ressaltou que não se arrepende porque "não tinha voto" .
A postura de Lira é semelhante. Aliado de Bolsonaro, o atual presidente da Câmara defende que não se pode "institucionalizar o impeachment no Brasil" e que nem há motivo para a abertura de um procedimento do tipo
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