Retrospectiva 2021: Bolsonaro soma 84 novos pedidos de impeachment

Presidente, que deve tentar reeleição em 2022 pelo PL, teve mais pedidos de afastamento em 2021 que Dilma durante os cinco anos e meio de mandato

Foto: Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

A Câmara dos Deputados recebeu, só em 2021,  84 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PL). A quantidade é maior que os 68 pedidos de afastamento registrados contra Dilma Rousseff (PT) durante os pouco mais de cinco anos do governo da petista.

Desde que Bolsonaro assumiu o Planalto, em janeiro de 2019, 143 petições a favor de sua destituição foram protocoladas na Câmara, tendo sido a última registrada no último mês do ano, assinada pelo  jurista Miguel Reale Júnior — autor do documento responsável pela queda da petista em 2015. 

Dos 143, apenas sete foram arquivados ou desconsiderados, conforme analisou o portal iG junto a dados da Câmara. Os demais documentos não foram examinados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que diversas vezes já se manifestou de maneira contrária à abertura de algum dos processos

'Superpedido' de impeachment une da esquerda à direita

Em junho deste ano, partidos, entidades civis e parlamentares de diferentes campos ideológicos se uniram para a elaboração de um 'superpedido' de impeachment do chefe do poder Executivo .

O documento foi assinado por 46 signatários, dentre eles, ex-aliados do presidente Bolsonaro, como deputados Joice Hasselmann (PSL) e Alexandre Frota (PSDB). PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, Cidadania, Rede, PCO, UP, PSTU e PCB também estão entre os autores do pedido.

Entre as entidades civis, assinaram representantes da Associação Brasileira de Juristas pela democracia (ABJD), Articulação dos povos indígenas do Brasil (APIB), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST).  Veja a lista completa de assinaturas neste link.

O texto, de mais de 250 páginas, elaborado por um grupo de juristas, atribuiu ao chefe do executivo 23 crimes de responsabilidade cometido por Bolsonaro durante o mandato. Eles foram divididos em sete categorias

  • Os crimes cometidos estão divididos em sete categorias:
  • Crimes contra a existência da União
  • Crimes contra o livre exercício dos poderes legislativo e judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados
  • Crimes contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais
  • Crimes contra a segurança interna
  • Crimes contra a probidade na administração
  • Crimes contra a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos
  • Crimes contra o cumprimento de decisões judiciárias

Apesar da mobilização, o documento está, assim como outros mais de 100, aguardando análise do presidente da Câmara dos Deputados, com baixa expectativa para ser apreciado.