André Mendonça diz que democracia no Brasil veio sem 'derramamento de sangue'
Sabatino para o STF desconsiderou mortes e torturas registradas durante o período do regime militar
O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, André Mendonça, afirmou, nesta quarta-feira (1), que a democracia no Brasil foi conquistada "sem sangue derramado" e "sem vidas perdidas". A afirmação foi feita durante a sabatina de Mendonça para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A democracia é uma conquista da humanidade. Para nós, não, mas, em muitos países, ela foi conquistada com sangue derramado e com vidas perdidas. Não há espaço para retrocesso. E o Supremo Tribunal Federal é o guardião desses direitos humanos e desses direitos fundamentais", disse, afirmando também que terá "compromisso com o Estado Democrático de Direito".
André Mendonça desconsiderou as mortes e torturas registradas durante o período do regime militar, entre 1964 e 1985. O ex-ministro foi rebatido pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que contestou seu posicionamento.
"Quatrocentos e trinta e quatro mortos, milhares de desaparecidos, 50 mil presos, 20 mil brasileiros torturados, 10 mil atingidos por processos e inquéritos, 8.350 indígenas mortos (...) Nossa democracia, senhor André, também foi construída em cima de sangue, mortes e pessoas desaparecidas. É inaceitável negar a história", contestou Contarato.
Mendonça foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 13 de julho, um dia depois da aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Durante a sabatina, o Mendonça rechaçou a alcunha de "terrivelmente evangélico" e defendeu a laicidade da sua postura nos julgamentos da Corte. "Me comprometo com o Estado laico".
Depois de ser submetido a uma sabatina na CCJ do Senado, Mendonça terá o nome votado em plenário, onde precisa ser aprovado por maioria absoluta dos senadores, ou seja, 41 dos 81 parlamentares.