PF: Veja quais são os 18 delegados demitidos em retaliação do Governo Bolsonaro
Presidente possui histórico de substituição no comando da Polícia Federal em casos que atestam contra seus interesses
Em dois anos, dez meses e 12 dias de governo Jair Bolsonaro (sem partido), o Palácio do Planalto já realizou a substituição de delegados da Polícia Federal. Em média, trata-se de uma troca a cada 58 dias - menos de dois meses - de agentes que vão de encontro aos interesses do presidente da República.
A última a ser alterada foi a delegada Silvia Amélia, que comandava a Diretoria de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI). O órgão é responsável por pedidos de extradição e, enquanto esteve sob comando de Amélia, havia formalizado uma solicitação aos Estados Unidos para que prendessem e enviassem ao Brasil o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Em seguida, foi removida do cargo.
Saiba quem são os outros delegados que perderam as suas funções durante o mandato de Jair Bolsonaro à frente da presidência da República:
- Ricardo Saadi: Teve sua substituição anunciada em agosto de 2019 após ser alvo de intrigas de policiais bolsonaristas no Rio de Janeiro. Era superintendente da Polícia Federal no estado.
- Maurício Valeixo: Demitido por defender Saadi, Valeixo contradisse o presidente ao dizer que a demissão de seu companheiro não havia sido por produtividade. Era diretor-geral da PF no Rio.
- Rolando de Souza: Substituído após não resistir a pressão de Bolsonaro, Souza havia sido substituto de Valeixo. Era diretor do órgão federal.
- Denisse Ribeiro: Trocada após uma tentativa do presidente em reitrar do seu poder o Inquérito dos Atos Antidemocráticos.
- Bernardo Guidali Amaral: Retirado de sua função após pedir a abertura de um inquérito contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, Amaral foi 'rifado' por Bolsonaro - que na época havia se aproximado do magistrado. Era delegado do Serviço de Inquéritos Especiais.
- Felipe Leal: Sua saída foi anunciada após quesionar a cúpula que apurava a possível interferência de Jair Blsonaro na Polícia Federal. Era o delegado responsável pela investigação.
- Graziela Costa e Silva: Teve sua promoção negada após realizar um abaixo-assinado em apoio a Felipe Leal.
- Hugo Correia: Demitido por dar excessiva liberdade aos seus subordinados, que avançavam em investigações contra o presidente. Era superintendente da PF no Distrito Federal.
- Alexandre Saraiva: Responsável pela investigação contra Ricardo Salles - então ministro do Meio Ambiente -, o delegado do Amazonas relacionou o político bolsonarista com um grupo que exportava madeira da Amazônia de maneira ilegal.
- Thiago Leão: Integrante da cúpula que investigava Salles, Leão foi o delegado responsável pela Operação Handroanthus - maior apreensão de madeira ilegal da história da Polícia Federal.
- Max Eduardo Pinheiro: Autorizou Alexandre Saraiva a falar sobre Ricardo Salles em entrevistas e, por isso, teve sua promoção negada no Amapá.
- Franco Perazzoni: Após negar um acesso à cúpula da PF eo inquérito que investigava Salles, teve sua ida para chefiar o combate ao crime organizado no Distrito Federal negada pelo Planalto.
- Rubens Lopes da Silva: Por ser o chefe da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, Rubens investigou os escândalos de corrupção que teriam o envolvimento do ministro Ricardo Salles. Foi o delegado responsável pela Operação Akuanduba.
- Rodrigo Fernandes: Responsável por concluir que não houve participação do campo da esquerda no atentado contra Jair Bolsonaro. Teve sua promoção negada na PF.
- Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha: Acusada de ter envolvimento com o governo de Pernambuco - comandado pelo PSB -, Carla foi retirada da chefia da Superintendência da Polícia Federal no estado.
- Daniel Grangeiro: Após realizar trabalhos que atingiram aliados políticos como o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-PI), por rachadinha; e Humberto Martins, desembargador do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Daniel sofreu retaliações por parte do governo federal.
- Antonio Marcos Lourenço Teixeira: Integrante da segurança de Bolsonaro nas eleições presidenciais, o polciial foi acusado de brigar com o motorista que destravou a porta do carro em que Jair estava - o que possibilitou a multidão a abraçá-lo. É considerado desafeto após o episódio e acabou afastado da chefia do Comando de Operações Táticas neste ano.